EL SALVADOR: MULHERES VIVEM ENTRE O PERIGO E A IMPUNIDADE
San Salvador, 25 nov (RV) - "O governo de El Salvador tem uma dívida pendente
com as mulheres do país, uma dívida que só pode ser paga com a Justiça" _ disse hoje,
a organização de defesa dos direitos humanos, Anistia Internacional, ao tornar pública
_ no Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres _ uma carta
enviada ao Presidente Saca.
Na carta, a Anistia Internacional aponta, com preocupação,
a falta de disposição das autoridades a investigar, minuciosamente, os casos de assassinatos
de mulheres e do tratamento que recebem os familiares das vítimas, quando apresentam
suas denúncias.
Entre fins de 2002 e meados de 2004, pelo menos 20 mulheres
e meninas sofreram abusos sexuais ou foram brutalmente assassinadas, em El Salvador.
Em
12 dos 20 casos, os cadáveres estavam desfigurados, esquartejados ou decapitados.
Alguns mostravam sinais de terem sido queimados, e dois corpos estavam completamente
carbonizados.
Desses 20 casos, foram julgados e condenados os responsáveis
por apenas três. Nos demais casos, as investigações foram insuficientes ou mesmo não
foram feitas.
"As características dos assassinatos são muito semelhantes às
utilizadas pelos famigerados "esquadrões da morte", durante os anos 70, para intimidar
e aterrorizar os cidadãos. A falta de investigações provoca um clima de medo e desconfiança
popular em relação ao sistema judicial" _ disse a Anistia Internacional.
"A
falta de justiça em El Salvador não só ameaça o funcionamento do Estado de direito,
mas deixa as mulheres do país à mercê de um constante perigo" _ acrescentou a organização
de defesa dos direitos humanos.
Q Anistia Internacional pediu às autoridades
salvadorenhas que investiguem urgentemente os assassinatos de mulheres e meninas,
e levem à Justiça os responsáveis. A organização também recalcou a importância de
tomar medidas concretas para evitar que esses crimes voltem a ser cometidos no futuro.
(MZ)