CHARLES DE FOUCAULD: UM CONVITE À FRATERNIDADE UNIVERSAL, DIZ BENTO XVI
Cidade do Vaticano, 13 nov (RV) - Charles de Foucauld é um convite à fraternidade
universal, afirmou Bento XVI, esta manhã, ao término da cerimônia de beatificação
do sacerdote francês, celebrada pelo Cardeal José Saraiva Martins, Prefeito da Congregação
para as Causas dos Santos, na Basílica de São Pedro.
Ao lado de Foucauld, foram
também elevadas às honras dos altares as italianas Maria Pia Mastena, fundadora das
Irmãs da Sagrada Face (1881-1951) e Maria Crucifixa Curcio, que fundou a Congregação
das Irmãs Carmelitas Missionárias de Santa Teresa do Menino Jesus. (1877-1957).
Durante
a cerimônia, o Cardeal Saraiva Martins afirmou que Charles de Foucauld é um símbolo
do diálogo entre as civilizações e as religiões. O sacerdote, que viveu entre os séculos
XVIII e XIX, levou a palavra do Evangelho às populações de maioria muçulmana no Saara
e no Magreb, norte da África.
Na breve reflexão que proferiu ao fim de cerimônia
de beatificação, Bento XVI saudou os devotos da bem-aventurada Maria Pia Mastena,
em especial, os provenientes de sua cidade natal, Bovolone, do vilarejo de San Fior,
onde estão suas relíquias, assim como os numerosos fiéis da Itália, Indonésia e do
Brasil, que vieram a Roma para a celebração de hoje.
Concluindo sua saudação
aos presentes, o Papa cumprimentou, individualmente, os membros da comunidade tuaregue
(povo berbere, nômade, que se desloca entre o centro e o oeste do deserto de Saara)
que estavam na Basílica. Com seus trajes tradicionais e turbantes, eles (todos homens
e apenas uma mulher), vieram participaram da missa por serem devotos de Charles de
Foucauld.
Antes de deixar a Basílica, o Pontífice disse: "Queridos irmãos
e irmãs, agradeçamos ao Senhor pelo dom destes novos bem-aventurados, e busquemos
nos esforçar para imitar seus exemplos de santidade. Que a sua intercessão nos permita
viver na fidelidade a Cristo e à sua Igreja."
Da Basílica, o Santo Padre foi
para a janela de seus aposentos, na residência pontifícia do Vaticano, de onde rezou,
juntamente com os fiéis reunidos na Praça São Pedro, a tradicional oração mariana
do Angelus.
Em sua breve reflexão, evocou novamente o conceito de busca da
santidade, frisando o papel dos leigos, chamados, assim como os sacerdotes e religiosos,
à "perfeição de vida", segundo o próprio carisma e a específica vocação _ como ensinou
o Concilio Vaticano II.
Referindo-se à importância dos leigos na Igreja, o
Papa recordou que "o Concilio dedicou grande atenção ao papel dos fiéis leigos, com
um capítulo inteiro da constituição "Lumen gentium" sobre a Igreja, para definir a
sua vocação e missão, assinaladas no Batismo e na Crisma".
Em novembro de
1965, os Padres conciliares aprovaram um decreto específico, sobre o apostolado dos
leigos _ o "Apostolicam actuositatem". A propósito desse documento do Vaticano II,
Bento XVI disse: "Ele sublinha, antes de tudo, que a fecundidade do apostolado dos
leigos depende de sua união vital com Cristo, ou seja, de uma robusta espiritualidade,
alimentada pela participação ativa na liturgia e no estilo das bem-aventuranças evangélicas.
Para os leigos, são muito importantes a competência profissional, o sentido de família,
a educação cívica e as virtudes sociais." (CM)