O bispo de Bafatá criticou esta quarta feira a inexistência de um governo na Guiné-Bissau,
13 dias após o presidente guineense ter demitido o executivo de Carlos Gomes Júnior
e uma semana após a nomeação de Aristides Gomes como primeiro-ministro.
Em declarações à margem de uma conferência de imprensa, destinada a denunciar a onda
de criminalidade que está a assolar também as missões católicas no país, D. Pedro
Carlos Zilli afirmou-se "desiludido" com a situação, definindo o país como "um barco
sem leme".
Com D. José Camnaté Na Bissign, bispo de Bissau, a seu lado, D. Carlos Zilli indicou
que "seria bom" que a ausência de um executivo fosse "rápida e definidamente ultrapassada",
para que, "com simplicidade", se encontre "o caminho para o desenvolvimento do país".
Os Bispos guineenses anunciaram que as instituições católicas de ensino, saúde e caridade
irão fechar na próxima quarta-feira, como forma de protesto contra o recrudescimento
da violência contra as mesmas.
“Temos sido vítimas de vários ataques à mão armada”, frisaram os prelados.
Dom Zili criticou as autoridades por promover “inquéritos que não terminam” e por
“não condenar os malfeitores”.
O prelado deixou, por fim, um apelo à comunidade internacional para que ajude a Guiné
a fazer face ao aumento da violência, sobretudo em meio urbano.
A 28 de Outubro último, o presidente guineense, João Bernardo "Nino" Vieira, demitiu
o governo de Carlos Gomes Júnior, líder do Partido Africano da Independência da Guiné
e Cabo Verde (PAIGC), força que venceu as eleições legislativas de Março de 2004.
Cinco dias depois, a 02 deste mês, "Nino" Vieira nomeou e empossou Aristides Gomes
como primeiro-ministro, cujo elenco governamental está ainda por anunciar.