2005-11-10 16:27:24

18% da população adulta mundial não sabe ler nem escrever


"Saber ler e escrever, de forma compreensível, uma frase simples sobre o seu quotidiano", o requisito mínimo para que possa considerar-se um indivíduo "literado", é um desafio fora do alcance de quase um quinto (18%) da população adulta mundial. A constatação é feita pela UNESCO, no relatório "Education for All - Literacy for Life" (Educação para Todos - Literacia para a Vida), divulgado ontem no Reino Unido.

O estudo, encomendado por esta agência das Nações Unidas, aponta várias causas e soluções para o problema, mas destaca duas frentes essenciais, onde os desníveis são mais gritantes por um lado, há um grupo de apenas 12 países, onde vivem 75% dos 771 milhões de pessoas maiores de 15 anos que não possuem competências básicas a este nível. Só na Índia, vivem 34,6% desse total. Por outro, subsistem as disparidades entre géneros no acesso à educação, que levam a que 64% dos adultos iliterados continuem a ser mulheres. Por cada 100 homens adultos que sabem ler e escrever, apenas 88 mulheres têm as mesmas habilitações.

Reduzir em 50% o número de iliterados até 2015 foi um dos cinco compromissos relacionados com a Educação e assumidos na cimeira dos "Objectivos do Milénio" (Dacar, 2000) das Nações Unidas. Mas, para os autores deste estudo da UNESCO, esse tem sido o mais ignorado dos desafios, apesar da sua comprovada relação de causa/efeito com outros temas como o combate à pobreza , a higiene, o planeamento familiar e a prevenção de doenças como o HIV.

A educação continua a não ser prioritária para os doadores, sobretudo nos níveis de escolaridade mais básicos, que recebem apenas 2,6% do total da Ajuda Oficial ao Desenvolvimento. Em 2003, foram atribuídos 5,7 mil milhões de euros à educação. Deste valor, 60% foi destinado ao ensino pós-secundário - apesar de 100 milhões de crianças continuarem por matricular em escolas primárias e de as verbas destinadas a programas de literacia de adultos serem consideradas "minúsculas". Além disso, verifica-se uma distribuição "desproporcional" dos recursos, com alguns países com melhores indicadores a receberem mais do que outros mais carenciados.

Em termos relativos , as populações iliteradas concentram-se sobretudo na África Subsariana, Sul e Este da Ásia, Ásia Oriental e Pacífico, mas as realidades destas regiões são muito distintas. Entre 1990 e 2004, a China reduziu o número de iliterados em 94 milhões, contribuindo decisivamente para a recuperação mundial (100 milhões no mesmo período). Mas em países como o Bangladesh, Etiópia, Marrocos e Paquistão, os indicadores continuam a piorar.







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