500 mil vitimas de armas ligeiras no mundo: numeros negros de Amnistia Internacional
Mais de 500 mil pessoas morrem anualmente no mundo vítimas de armas ligeiras, segundo
números da Amnistia Internacional apresentados esta terça feira numa audição pública
sobre a proliferação de armas, organizada em Lisboa pela Comissão Nacional Justiça
e Paz.
Actualmente, estima-se que existam a nível mundial 639 milhões de armas ligeiras como
pistolas, revólveres, espingardas e metralhadoras, o que corresponde a uma por cerca
de dez pessoas. “Na prática, as armas ligeiras matam mais do que as armas de destruição
maciça”, alertou Teresa Nogueira, da secção portuguesa da Amnistia Internacional,
no âmbito da primeira de cinco sessões públicas intituladas «Por uma sociedade segura
e livre de armas», realizada na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Cerca de 1.100 empresas em 98 países produzem todos os anos mais oito milhões de armas
ligeiras e de baixo calibre, num negócio que envolve 22 mil milhões de dólares, verba
que daria para atingir os Objectivos de Desenvolvimento para o Milénio traçados pelas
Nações Unidas ao nível da Educação Básica e da Mortalidade Infantil. Para travar a
proliferação e o tráfico ilegal de armamento, a Amnistia Internacional defende que
todos os Governos devem cooperar com a ONU para tornar vinculativo o Tratado Internacional
sobre o Comércio de Armas já a partir de Julho de 2006, altura em que será revisto
o documento.
A nível nacional, a audição pública promovida pela Comissão Nacional Justiça e Paz,
que integra mais quatro sessões que irão decorrer até Maio de 2006, visa mobilizar
a sociedade contra “a perigosa e excessiva proliferação de armas em Portugal”, uma
questão que a Comissão considera estar “pouco estudada, mal avaliada e, com frequência,
escamoteada”. Para recolher informação sobre esta matéria foi ontem criado um Observatório
sobre produção, comércio e proliferação de armas ligeiras em Portugal, por iniciativa
da Comissão. Este organismo laico da Igreja Católica defende, concretamente, uma redução
de armas legais e ilegais no País, assim como a publicação de legislação adequada
sobre o assunto e a criação de meios para o seu efectivo cumprimento.