REPRESENTANTE DA SANTA SÉ NA ONU PRONUNCIA-SE SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Cidade do Vaticano, 04 nov (RV) - Os planos de desenvolvimento e as estratégias
de redução da pobreza devem ser compatíveis com o ambiente: foi o que reiterou ontem,
quinta-feira, o Observador Permanente da Santa Sé na ONU, o Arcebispo Celestino Migliore,
durante os trabalhos da Assembléia Geral do organismo, em sua sede, em Nova York.
"Sem
controle ambiental _ observou Dom Migliore _ o desenvolvimento não terá um fundamento
sadio, e sem desenvolvimento não haverá, de modo algum, investimentos, tornando impossível
a proteção do ambiente."
Portanto _ continuou o representante vaticano _ "responsabilidade
e solidariedade estão ligados de tal modo, que a ação em favor do ambiente se torna
uma afirmação de confiança no destino da humanidade, reunida em torno de um comum
projeto crucial para o bem de todos".
Tal conceito evoca o primeiro princípio
da Declaração do Rio que diz: "Os seres humanos estão no centro das questões inerentes
ao desenvolvimento sustentável" _ recordou o Arcebispo.
"Todavia _ frisou Dom
Migliore _ as numerosas dificuldades encontradas ao afrontar os problemas da degradação
ambiental global, bem como as mudanças climáticas, a falta de água potável, o desmatamento
das florestas e a desertificação mostram a complexidade de se afrontar os problemas
do desenvolvimento de modo coerente e integrado, e a necessidade de substituir impostações
setoriais fragmentárias com medidas holísticas e multisetoriais."
Entre os
temas mais urgentes, Dom Migliore indicou o do desmatamento das florestas, visto que
esse recurso continua sendo essencial para a vida de um bilhão e 200 milhões de pessoas
que vivem em extrema pobreza, no mundo. Por isso, se deve concluir um tratado para
a tutela das florestas.
Outra grave questão _ já evidenciada pelo Secretário-geral
da ONU como o mais grave desafio para o século XXI _ diz respeito às mudanças climáticas
e aos recursos energéticos, com implicações ambientais, econômicas, políticas, sociais,
e para a segurança nacional e internacional.
"É encorajador _ ressaltou o Arcebispo
_ constatar a crescente tomada de consciência" mostrada no recente encontro de Cúpula
do G-8 (os setes países mais industrializados do mundo e mais a Rússia), em Gleneagles,
na Escócia, encontro que deverá ser seguido, agora, de "sérias discussões" sobre os
modos e meios para incentivar as fontes de energia renováveis e eliminar as substâncias
nocivas para o ambiente, e promover a pesquisa para substituir os combustíveis fósseis
com outros tipos econômicos, eficientes e limpos."
"O mundo _ concluiu o representante
vaticano _ terá dramaticamente mais necessidade _ e não menos _ de energia nos próximos
50 anos" e, portanto, se impõe, para as novas gerações, iniciar imediatamente um caminho
de responsabilidade nesse sentido. (RL)