MISSIONÁRIO ADVERTE PARA O RISCO DE RETOMADA DA VIOLÊNCIA NO CONGO
Bukavu, 05 nov (RV) - Bukavu, cidade do leste da República Democrática do Congo,
vive um clima de medo e apreensão devido à distribuição de panfletos que anunciam
a retomada das hostilidades. A informação provém de um missionário que trabalha na
região.
A República Democrática do Congo viveu uma sangrenta guerra civil,
de 1998 a 2003, que ceifou a vida de quase 3 milhões de pessoas.
Segundo analistas
internacionais, a guerrilha congolesa dos "banyamulenge" (os tutsi congoleses) está
dividida em duas facções: uma favorável à retomada das hostilidades, e outra que gostaria
de prosseguir no caminho da paz. Um novo conflito favoreceria aqueles que se opõem
ao processo de democratização congolês.
O missionário denuncia "aqueles que,
sabendo não ter chances de vencer eleições regulares sem o uso da violência ou da
fraude, procuram sabotar o processo eleitoral, por todos os meios possíveis". A isso
se soma o interesse de quem quer continuar a usufruir as riquezas minerais congolesas
impunemente, sem pagar o preço justo à população local e ao governo legítimo.
A
tensão em Kivu acentuou-se após os últimos episódios de violência ocorridos na periferia
de Bukavu, onde, em pouco mais de um ano, 227 pessoas foram assassinadas, 230 habitações
saqueadas e incendiadas e mais de duas mil mulheres e jovens foram vítimas de violência
sexual.
"A comunidade internacional não pode permanecer indiferente a essa
situação. Parece-me legitimo esperar uma decidida intervenção das Nações Unidas, para
impedir um novo conflito" _ afirmou o missionário. (JE)