Manter vivo o espírito do Vaticano II: exortação de Bento XVI neste domingo ao meio-dia
Há que “manter sempre vivo o espírito do Concílio Vaticano II, contribuindo para
instaurar no mundo aquela fraternidade universal que corresponde à vontade de Deus
sobre o homem, criado à imagem de Deus”: sublinhou Bento XVI, neste domingo ao meio-dia,
dirigindo-se à multidão congregada na Praça de São Pedro e quem o seguia através da
rádio e da televisão, para a recitação do Angelus dominical. O Papa recordou cinco
Documentos conciliares aprovados nos últimos dias de Outubro de 1965, há 40 anos,
destacando as Declarações sobre a educação cristã e sobre as relações da Igreja com
as religiões não-cristãs.
Evocado também o terramoto que abalou no dia 8 a região do Khasmir, sobretudo do lado
do Paquistão, com um apelo a que se reforcem os esforços a favor das populações atingidas.
Nas saudações aos peregrinos espanhóis, vindos a Roma para as beatificações de sábado
à tarde, o Papa exortou a seguir o exemplo destes mártires, numa “atitude de paz e
de convivência fraterna”.
Evocada pois a intensa actividade que caracterizou a fase final do Concílio Vaticano
II, há quarenta anos atrás. Aprovados e promulgados importantes Documentos que – sublinhou
– “conservam ainda hoje o seu valor e revelam uma actualidade que, sob certos aspectos,
se reforçou ainda mais”. Recordados um por um os cinco Documentos que Papa Paulo VI
e os Padres conciliares subscreveram a 28 de Outubro de 1965: o decreto “Christus
Dominus”, sobre o múnus pastoral dos bispos; o decreto “Perfectae caritatis”, sobre
a renovação da vida religiosa; o decreto “Optatam totius, sobre a formação sacerdotal;
a Declaração “Gravissimum educationis”, sobre a educação cristã; e a Declaração “Nostra
aetate”, sobre as relações da Igreja com as religiões não-cristãs.
Bento XVI recordou que sobre o tema dos primeiros três documentos citados se realizaram,
três assembleias do Sínodo dos Bispos, em 1990, 1995 e 2001, retomando e aprofundando
os ensinamentos do Vaticano II. Menos conhecido é, pelo contrário, o documento sobre
a educação. Ora “desde sempre a Igreja se encontra empenhada na educação da juventude”,
à qual o Concílio reconheceu uma “extrema importância”, tanto para a vida do homem
como para o progresso social. Também hoje, na época da comunicação global, a Comunidade
eclesial adverte toda a importância de um sistema educativo que reconheça o primado
do homem como pessoa, aberta à verdade e ao bem. Primeiros e principais educadores
são os pais, ajudados, segundo o princípio de subsidiariedade, pela sociedade civil”
Neste contexto, Bento XVI lembrou a “especial responsabilidade educativa” sentida
pela Igreja, que procura de variados modos realizar esta missão: na família, na paróquia,
através de associações, movimentos e grupos de formação, assim como – de modo mais
específico - nas escolas e universidades.
Finalmente, uma referência à Declaração “Nostra aetate”, “de grandíssima actualidade
porque diz respeito à atitude da Comunidade eclesial em relação às religiões não-cristãs.
Partindo do princípio que “todos os homens constituem uma só comunidade” e que a Igreja
“tem o dever de promover a unidade e o amor” entre os povos, o Concílio “nada rejeita
de quanto é verdadeiro e santo” nas outras religiões, e a todos anuncia Cristo, “caminho,
verdade e vida”.
“Com a Declaração ‘Nostra aetate’ os Padre do Vaticano II propuseram algumas verdades
fundamentais: recordaram com clareza o especial vínculo que liga os cristãos e os
hebreus, reafirmaram a estima para com os muçulmanos e os que seguem outras religiões
e confirmaram o espírito de fraternidade universal que exclui toda e qualquer discriminação
ou perseguição religiosa”.
O Papa concluiu exortanto os fiéis a retomarem estes documentos, “mantendo sempre
vivo o espírito do Concílio Vaticano II, contribuindo para instaurar no mundo aquela
fraternidade universal que corresponde à vontade de Deus sobre o homem, criado à imagem
de Deus”.
Foi depois das Ave-Marias que Bento XVI recordou de novo o “forte terramoto que no
passado dia 8 de Oubruto atingiu a região do Kashmir, especialmente do lado do Paquistão,
provocando a morte de mais de 50 mil pessoas e danos incalculáveis. O Papa renovou
o seu apelo à comunidade internacioal para que se multipliquem os esforços a favor
daquelas população tão provadas.
Nas saudações dirigidas em diversas línguas aos diferentes grupos de peregrinos, de
realçar as palavras pronunciadas em espanhol, com especial destaque para os fiéis
vindos a Roma para as beatificações, neste sábado à tarde, de sete padres e uma religiosa
que “enfrentaram o martírio por causa da fé em Cristo”. “Eles são para todos verdadeiro
exemplo de reconciliação e de amor até ao extremo, assim como estímulo a um testemunho
coerente da própria fé na sociedade actual, numa atitude de paz e de convivência fraterna”.