2005-10-29 19:52:08

VIOLÊNCIA FAMILIAR É MAIOR CAUSA DE MORTE DE MULHERES NA EUROPA


Bruxelas, 29 out (RV) - Na Europa, a violência por parte do parceiro, marido, namorado ou pai é a primeira causa da morte e invalidez permanente para as mulheres, de 16 a 44 anos _ mais do que o câncer, acidentes de trânsito e a guerra.

Os dados do Conselho Europeu foram apresentados hoje, no "Observatório Criminológico e Multidisciplinar Sobre a Violência de Gênero", segundo informou a agência de notícias ANSA.

"A violência familiar por parte do próprio companheiro é, na Europa e no mundo, a primeira causa de morte de mulheres. Basta pensar que, na Rússia, morreram, em apenas um ano, 13 mil mulheres, 75% delas assassinadas pelos maridos, enquanto todo o conflito entre a ex-URSS e o Afeganistão terminou com a morte de 14 mil vítimas, em dez anos" _ afirma Gabriella Paparazzo, responsável pela associação italiana "Differenza donna".

Mas o fenômeno da violência contra as mulheres certamente não se restringe a uma realidade difícil, como a de países em desenvolvimento. Ela ainda está presente _ e de maneira significativa _ no Ocidente, onde prevalece uma cultura de raízes patriarcais.

"Mesmo nos Estados Unidos ou na Suécia, os dados sobre a violência feminina são alarmantes, visto que, a cada quatro minutos, uma mulher é agredida na América. Na Suécia, onde a emancipação feminina atinge níveis altos, a cada dez dias, uma mulher é morta. Portanto, se trata de um fenômeno que tem profundas raízes culturais" _ continua Gabriella Paparazzo.

"Em nosso trabalho _ afirmou a criminologista Noemi Novelli _ temos visto que muitas das famílias que imigraram para a Itália, continuam a manter suas tradições que, em alguns casos, são contrárias às leis italianas, como acontece, por exemplo,no que diz respeito à mutilação dos órgãos genitais femininos e aos casamentos forçados. Não se trata se fenômenos que ocorrem apenas no contexto da religião islâmica. Também outros grupos religiosos são atingidos, como, por exemplo, os ortodoxos e os judeus" _ ressaltou a especialista.

Apesar do crescimento da violência denunciada pelas mulheres, as autoridades encontram grande dificuldade por parte do sexo feminino, de denunciar seus perseguidores e agressores. Segundo Susanna Loriga, criminologista, "esse fenômeno se explica pelo fato de as mulheres não terem consciência de ser vítimas".

"Elas não denunciam, mas não por medo, e sim para proteger e defender a si mesmas, de uma realidade que as destrói. É a "síndrome da adaptação", que age da mesma maneira que a "síndrome de Estocolmo" que aflige as vítimas de seqüestros" _ disse Susanna Loriga. (JK)







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