VIOLÊNCIA FAMILIAR É MAIOR CAUSA DE MORTE DE MULHERES NA EUROPA
Bruxelas, 29 out (RV) - Na Europa, a violência por parte do parceiro, marido,
namorado ou pai é a primeira causa da morte e invalidez permanente para as mulheres,
de 16 a 44 anos _ mais do que o câncer, acidentes de trânsito e a guerra.
Os
dados do Conselho Europeu foram apresentados hoje, no "Observatório Criminológico
e Multidisciplinar Sobre a Violência de Gênero", segundo informou a agência de notícias
ANSA.
"A violência familiar por parte do próprio companheiro é, na Europa e
no mundo, a primeira causa de morte de mulheres. Basta pensar que, na Rússia, morreram,
em apenas um ano, 13 mil mulheres, 75% delas assassinadas pelos maridos, enquanto
todo o conflito entre a ex-URSS e o Afeganistão terminou com a morte de 14 mil vítimas,
em dez anos" _ afirma Gabriella Paparazzo, responsável pela associação italiana "Differenza
donna".
Mas o fenômeno da violência contra as mulheres certamente não se restringe
a uma realidade difícil, como a de países em desenvolvimento. Ela ainda está presente
_ e de maneira significativa _ no Ocidente, onde prevalece uma cultura de raízes patriarcais.
"Mesmo
nos Estados Unidos ou na Suécia, os dados sobre a violência feminina são alarmantes,
visto que, a cada quatro minutos, uma mulher é agredida na América. Na Suécia, onde
a emancipação feminina atinge níveis altos, a cada dez dias, uma mulher é morta. Portanto,
se trata de um fenômeno que tem profundas raízes culturais" _ continua Gabriella Paparazzo.
"Em
nosso trabalho _ afirmou a criminologista Noemi Novelli _ temos visto que muitas
das famílias que imigraram para a Itália, continuam a manter suas tradições que, em
alguns casos, são contrárias às leis italianas, como acontece, por exemplo,no que
diz respeito à mutilação dos órgãos genitais femininos e aos casamentos forçados.
Não se trata se fenômenos que ocorrem apenas no contexto da religião islâmica. Também
outros grupos religiosos são atingidos, como, por exemplo, os ortodoxos e os judeus"
_ ressaltou a especialista.
Apesar do crescimento da violência denunciada pelas
mulheres, as autoridades encontram grande dificuldade por parte do sexo feminino,
de denunciar seus perseguidores e agressores. Segundo Susanna Loriga, criminologista,
"esse fenômeno se explica pelo fato de as mulheres não terem consciência de ser vítimas".
"Elas não denunciam, mas não por medo, e sim para proteger e defender a si
mesmas, de uma realidade que as destrói. É a "síndrome da adaptação", que age da mesma
maneira que a "síndrome de Estocolmo" que aflige as vítimas de seqüestros" _ disse
Susanna Loriga. (JK)