CHINA: FORTE DESEJO DE MELHORAR RELAÇÕES COM O VATICANO
Pequim, 27 out (RV) - O governo chinês tem o "sincero desejo" de melhorar suas
relações com o Vaticano, e faz votos que "as palavras sejam acompanhadas de fatos".
Foi o que disse, nesta quinta-feira, o porta-voz do Ministério das Relações
Exteriores de Pequim, Kong Quan, comentando as recentes declarações do Cardeal Secretário
de Estado, Angelo Sodano, de que a Igreja estaria disposta a transferir sua Nunciatura
Apostólica, de Taiwan para Pequim.
Por sua vez, Pe. Anthony Liu Bai Nian,
Vice-presidente da Associação Patriótica dos católicos chineses, deu as boas-vindas
às declarações do Cardeal Sodano, e afirmou que "não é tarde demais" para essa mudança
de rota. Basta que o Vaticano reconheça como governo da China, Pequim e não Taipé.
"No
que concerne às relações diplomáticas _ acrescentou Pe. Bai Nian _ é uma questão que
diz respeito ao governo. Eu só posso dizer que, se o Cardeal disse efetivamente tais
coisas, me sinto muito contente, porque isso pode servir para melhorar as relações
entre a China e o Vaticano."
A Constituição chinesa garante aos cidadãos, a
liberdade de religião, mas de fato, essa "liberdade" existe apenas para os fiéis afiliados
às associações patrióticas, que defendem o primado do Partido Comunista, em vez do
primado de Pedro, isto é, do Papa.
Segundo alguns especialistas em questões
religiosas, para a China, a questão de Taiwan, ainda que importante, não é o principal
obstáculo à melhora das relações com a Santa Sé. O que impede a normalização das relações,
segundo tais analistas, seria a questão da nomeação dos bispos, que Pequim advoga
para si.
A título de curiosidade: os meios de comunicação chineses não divulgaram
sequer uma linha das declarações do Cardeal Secretário de Estado, Angelo Sodano. (MZ/AF)