2005-10-25 19:52:57

DIVORCIADOS RECASADOS: PROBLEMA PUNGENTE QUE TODO BISPO CONHECE, E O PAPA TAMBÉM, AFIRMA CARDEAL KASPER


Cidade do Vaticano, 25 out (RV) - A proibição de dar a comunhão aos divorciados recasados continua sendo uma "ferida" para a Igreja, não obstante o Sínodo dos Bispos tenha discutido sobre a questão. É o que pensa _ e o que disse hoje, sem meios termos _ o Cardeal Walter Kasper, Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, que esteve, em 1995, entre os bispos alemães que promoveram a iniciativa de se encontrar uma solução para os fiéis excluídos da comunhão.

O Cardeal Kasper, então Bispo de Rottenburg-Stuttgart, firmou, com Dom Oskar Saier, então Arcebispo de Friburgo, e o Cardeal Karl Lehmann, Bispo de Mainz e Presidente da Conferência Episcopal Alemã, uma declaração na qual se sugeria a possibilidade de dar a comunhão aos divorciados, após um adequado percurso pastoral e penitencial. A declaração foi contestada pela Congregação para a Doutrina da Fé, então guiada pelo Cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa Bento XVI.

A exclusão da comunhão, dos divorciados recasados _ argumentou o Cardeal Kasper, numa coletiva de imprensa realizada ontem, por ocasião da apresentação do ato comemorativo que se realizará em Roma, na próxima quinta-feira, 27 de outubro, pelos 40 anos de promulgação da declaração conciliar "Nostra Aetate _ continua sendo um "doloroso problema pastoral" que "todo bispo" conhece e sobre o qual deve "refletir para encontrar uma resposta".

O Cardeal Kasper acrescentou que "todo pastor sabe de casos em que seria oportuno encontrar soluções, e o próprio Papa, durante suas férias em Vale d'Aosta, convidou a refletir sobre tais casos. Esta é também a minha posição" _ disse o Cardeal.

As "proposições" elaboradas pelo Sínodo não modificaram em nada a posição da Igreja sobre os divorciados recasados: eles não devem sentir-se excluídos da Igreja, são convidados a participar da missa, mas não podem participar da comunhão porque não respeitaram a indissolubilidade do matrimônio.

"Não posso imaginar _ disse o Cardeal Kasper, comentando os trabalhos do Sínodo _ que essa seja uma discussão fechada. É uma situação de fato e se deve refletir para encontrar uma resposta.

No discurso aos párocos de Vale d'Aosta, durante suas férias, Bento XVI falou do "sofrimento" dos divorciados recasados, explicando que a Congregação para a Doutrina da Fé havia recebido numerosos dossiers, enviados pelas conferências episcopais, sobre o problema.

Em particular, o Papa falou da situação daquelas pessoas casadas com rito religioso, mas apenas por convenção cultural; depois se separaram e, tendo chegado a uma fé consciente, iniciam uma nova união. Nesses casos, a única saída seria a declaração de nulidade do primeiro casamento enquanto "sacramento celebrado sem fé", dando, assim, a possibilidade de um segundo casamento na Igreja, com readmissão à plena comunhão e aos sacramentos.

Uma solução pastoral para todos os divorciados recasados _ e não somente para quem pode pedir a nulidade matrimonial _ não muito diversa da proposta feita pelos bispos alemães em 1995, foi pedida ao Sínodo, pelo Presidente do Episcopado da Nova Zelândia, Dom John Atcherley Dew, Arcebispo de Wellington, que chamou a atenção de muitos bispos, de vários países do mundo, entre eles, o Cardeal Carlo Maria Martini, Arcebispo emérito de Milão. (MZ)








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