BRASILEIROS PREFEREM CONTINUAR ARMADOS: NO REFERENDO, VENCE O "NÃO"
Brasília, 24 out (RV) - No Brasil, a proibição do comércio de armas de fogo
foi rejeitada por meio do referendo do último domingo. Os votos a favor do "não" alcançaram
64% do total, contra os 36% daqueles que pediam o desarmamento.
A população
brasileira, portanto, decidiu, por grande maioria, pelo direito de continuar comprando
armas de fogo, não obstante a mobilização do governo, da Igreja e de muitas organizações
sociais.
O referendo _ primeiro no mundo sobre essa questão _ foi feito por
voto eletrônico. A afluência do eleitorado foi expressiva: votaram mais de 120 milhões
de pessoas.
O Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que se posicionou
desde o princípio contra a venda de armas de fogo, disse que a consulta, apesar do
resultado, constitui uma vitória da democracia no país.
"A Igreja _ disse por
sua vez, o Cardeal-arcebispo de São Paulo, Cláudio Hummes _ pronunciou-se contra a
venda e o comércio de armas e continuará sempre, obviamente, a lutar contra a violência."
"Não se trata somente de comércio de armas: a violência, de fato, tem muitas
causas profundas" _ acrescentou o Cardeal Hummes. "As armas _ argumentou _ devem ser
combatidas, porque facilitam a violência, mas é claro que aqueles que as possuem,
não estão totalmente protegidos. Ao contrário, sofrem ainda mais a violência, por
terem em mãos, as armas."
A taxa de criminalidade no Brasil é uma das mais
altas do mundo: aproximadamente 40 mil mortos a cada ano, por armas de fogo. Com 21
pessoas mortas a cada 100 mil/hab e com uma vítima a cada 15 minutos, o Brasil é o
segundo, depois da Venezuela, na estatística fornecida pela UNESCO (Organização das
NN. UU. para a Educação, a Ciência e a Cultura) sobre vítimas de armas de fogo. (MZ)