BISPOS IRAQUIANOS PREOCUPADOS COM INTOLERÂNCIA NO PAÍS
Bagdá, 19 out (RV) - Os líderes religiosos iraquianos expressaram seu temor
_ em declarações feitas logo após o referendo de 15 de outubro _ de que o Iraque se
torne um Estado islâmico intolerante em relação aos não-muçulmanos.
No mês
passado, o Patriarca de Bagdá dos caldeus, Sua Beatitude Emmanuel III Delly, reuniu-se
com o Presidente e o Primeiro-ministro do Iraque, para manifestar a contrariedade
dos bispos a certos artigos da Constituição que, segundo eles, abrem todas as portas
à possibilidade de criar leis injustas para os não-muçulmanos.
Em entrevista
à obra "Ajuda à Igreja que Sofre", poucos dias atrás, Dom Andréas Abouna, Bispo Auxiliar
do Patriarca Delly, disse que os líderes iraquianos haviam ignorado seus temores e
que, como resultado, os bispos estavam pensando em pedir a intervenção do próprio
Pontífice. Segundo Dom Abouna, uma intervenção do Papa aumentaria a pressão, após
o encontro realizado no Vaticano em agosto, entre o Santo Padre e o Ministro do Exterior
iraquiano, Hoshyar Zebari. Naquela ocasião, Bento XVI pediu que o projeto da Constituição
respeitasse os direitos religiosos.
A raiz do problema está numa contradição
fundamental da nova Constituição: alguns artigos defendem os direitos de liberdade
e religiosos, enquanto outro afirma que "não se pode aprovar nenhuma lei que entre
em contradição com as leis do Islã". (CM)