2005-10-18 18:24:16

Sinodo começa a definir documento conclusivo: mensagem e propostas finais


A XI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos caminha para o seu fim e os 252 prelados de todo o mundo começam a definir as linhas que darão forma ao documento conclusivo deste grande encontro eclesial.
Após mais de duas semanas de trabalho, foi apresentado esta terça feira o “Elenchus Unicus Propositionum”, resultado do trabalho de unificação das propostas preparadas pelos vários grupos linguísticos, de 15 a 17 de Outubro. Após as correcções, a serem apresentadas por esses mesmos Círculos Menores (reúnem-se nesta quarta feira em duas sessões), ganhará vida a Mensagem final, cujo esquema já começou a ser discutido.
Nesta quinta-feira não haverá nenhuma Congregação Geral, cabendo ao relator geral, ao secretário especial e aos relatores dos Círculos Menores estudar as propostas de correcção, trabalho que se prolonga até sexta-feira. Nesse dia serão apresentas as “propostas emendadas”, ao que se seguirá a votação da Mensagem.
A votação das propostas finais, reunidas no “Elenchus finalis” – que serve de base à exortação pós-sinodal que o Papa escreve após este encontro – terá lugar no sábado. A conferência de imprensa de encerramento do Sínodo decorre pelas 12h15 desse dia (menos uma em Lisboa), na sala de imprensa da Santa Sé.
Que documento?
A apresentação das propostas dos Círculos Menores permite perceber que o documento final do Sínodo se vai centrar em temas debatidos ao longo dos anos que precederam esta XI Assembleia Geral Ordinária, a partir dos vários textos produzidos pela Santa Sé e pelo Papa sobre a Eucaristia.
A principal preocupação apresentada pelos 13 grupos de trabalho relaciona-se com a valorização da celebração do Domingo: os Bispos identificam claros sinais de quebra da prática dominical, numa sociedade que já não respeita esse dia como o “dia do Senhor”.
Vários temas se entrecruzam quando a assembleia reflecte sobre o modo de celebrar a Eucaristia num mundo secularizado, com uma preocupação de cunho marcadamente pastoral: a formação litúrgica dos sacerdotes e dos fiéis, as celebrações na assembleia que esperam um padre, o anúncio da Palavra, o programa catequético, as consequências sociais da celebração, a dinâmica missionária, a relação com os outros Sacramentos (em especial o da Reconciliação), as normas litúrgicas.
Dois assuntos, em especial, têm merecido ampla cobertura mediática. O primeiro relaciona-se com a falta de padres e a possibilidade, para se fazer face à mesma, de serem ordenados homens casados. O Sínodo abandonou por completo essa hipótese e apresenta como solução uma “solidariedade de pessoal” - promovendo a partilha de sacerdotes em todo o mundo – e a valorização das celebrações da Palavra, distinguindo-as claramente da celebração eucarística.
O segundo tem a ver com as “situações matrimoniais irregulares”, em especial a dos divorciados que voltaram a casar, com o Sínodo a pedir, explicitamente, orientações específicas para estas pessoas.
De um dos grupos de língua espanhola veio a proposta de que cada Bispo “dê toda a importância à formação dos seminaristas", dando "atenção muito especial à selecção e formação dos candidatos para viver o carisma do celibato". Nesse sentido, pede-se ainda que se organize nas dioceses “uma pastoral vocacional bem estruturada, que parta da oração pelas vocações e tenham o apoio das famílias, os sacerdotes e os seminaristas".
Um grupo de língua inglesa sublinhou a importância da adoração Eucarística, que "considerada um sinal emergente dos tempos".
Do círculo alemão veio o alerta de que todos devem “constituir a Igreja, com os seus diversos carismas. Aqui não se trata de números, mas de qualidade".
Num círculo francês "a ideia de ordenar ‘viri probati’ (homens casados) foi objecto de debate, mas não obteve a maioria de votos". "O grupo afirma unanimemente o valor inestimável do celibato sacerdotal para a Igreja latina e quer que a Igreja se comprometa numa pastoral vocacional ainda mais enérgica, positiva e aberta aos dons de Deus", refere o relatório.
O mesmo grupo reflectiu sobre a necessidade de fazer compreender que os católicos divorciados que voltaram a casar, embora não possam receber o sacramento, continuam a pertencer à comunidade eclesial. "Atendendo à difícil situação de quem tem sofrido a dor das rupturas e da separação, tratar-se-á de chegar a eles em atitude misericordiosa, para que possam receber uma orientação e apoio que lhes permita elucidar a sua situação com um processo canónico adequado", referem as propostas deste Círculo Menor.
Também um dos grupos de língua italiana "considerou a situação específica daqueles que estão numa situação matrimonial irregular”, deixando votos de que a Igreja procure “dedicar-lhes todos os cuidados possíveis, importantes para que as pessoas se sintam acolhidas, se confiem ao Senhor e dêem passos concretos, à luz do Evangelho".







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