Igreja angolana apela ao diálogo com o clero de Cabinda
O Núncio Apostólico em Angola, D. Angelo Beccio, manifestou hoje a convicção de que
o diferendo existente na Diocese de Cabinda, provocado pela contestação à nomeação
do novo bispo, possa ser ultrapassado com a "boa vontade" do clero local.
"Esperamos resolver a situação com a boa vontade dos padres e de cada uma das pessoas
que se sentem preocupadas com a situação", afirmou D. Angelo Beccio, em declarações
aos jornalistas no final de uma audiência com o ministro angolano das Relações Exteriores,
João Miranda.
O Núncio Apostólico admitiu que o Papa Bento XVI está "preocupado" com a actual situação
na Diocese de Cabinda, enclave no norte de Angola, mas frisou esperar que o clero
local esteja "animado de boa vontade" para ultrapassar o diferendo.
Esta audiência ocorreu poucos dias depois da Conferência Episcopal de Angola e S.
Tomé (CEAST) ter acusado os padres da Diocese de Cabinda de serem os únicos responsáveis
pela suspensão da celebração de missas paroquiais naquele território do norte de Angola.
A suspensão da celebração de missas naquela diocese foi decidida pelo clero local
há várias semanas, na sequência do protesto contra a nomeação do novo Bispo. João
Paulo II tinha nomeado a 11 de Fevereiro D. Filomeno Vieira Dias, então Bispo Auxiliar
de Luanda, como de Bispo de Cabinda, em substituição de D. Paulino Madeca, que resignou
por ter atingido o limite de idade.
Esta nomeação gerou fortes protestos entre alguns dos fiéis católicos locais, que
reclamam a nomeação de um bispo natural do enclave, e não de Luanda. CEAST já explicou
que a contestação se deve mais a motivos políticos do que religiosos.
Num comunicado recente, a CEAST manifestou-se “pronta para o diálogo”, pedindo da
parte do clero de Cabinda “o mínimo das condições: boa vontade, acolhimento respeitoso
e sinceridade”.