SÍNODO: A BUSCA DA PLENA COMUNHÃO COM OS IRMÃOS CRISTÃOS NÃO DEVE MINAR A UNIDADE
DA IGREJA
Cidade do Vaticano, 11 out (RV) - Eucaristia, vínculo de unidade entre as Igrejas.
Eucaristia, raiz da paz mundial. Eucaristia, inspiradora de equidade social. Esses
foram alguns dos temas discutidos na 13ª sessão da plenária dos bispos sobre a Eucaristia.
Entre
os 22 pronunciamentos desta manhã, feitos na presença de Bento XVI _ além de ter sido
traçada a situação eclesial nas diversas realidades geográficas e culturais, os padres
sinodais se detiveram sobre vários temas litúrgico-dogmáticos a partir da delicada
questão sobre a comunhão aos não-católicos, questão introduzida pelo Cardeal Secretário
de Estado, Angelo Sodano, que ressaltou, entre outras coisas, que, na busca da plena
comunhão com os irmãos separados, não se deve minar a unidade da Igreja.
O
Cardeal Renato Rafaelle Martino, Presidente do Pontifício Conselho "da Justiça e da
Paz" falou das implicações sociais e políticas da Eucaristia. Ele sugeriu que este
Sínodo deve aprofundar a ligação que existe entre Eucaristia e caridade. A dramática
situação de extrema pobreza que massacra milhões de seres humanos e inteiras populações
no mundo e, por outro lado, as riquezas acumuladas por alguns países, é uma situação
que não pode ficar alheia à celebração eucarística.
O Cardeal pediu ainda,
que se concedesse especial atenção à relação entre Eucaristia e uso dos bens da terra,
que a Igreja considera originariamente destinados a todos. Isso não significa fazer
uma politização da Eucaristia, mas sim favorecer a plena verdade do mistério eucarístico,
em toda a sua inexaurível riqueza.
Um bispo de Portugal falou sobre a "beleza"
na celebração eucarística, ou seja, todos aqueles elementos estéticos que colaboram
para uma boa celebração eucarística.
Um cardeal da Bóznia-Herzegóvina falou
do papel importante do sacerdote como presidente da assembléia litúrgica. Muitas vezes,
disse, vemos nossos padres cansados, sem entusiasmo pelo próprio serviço. Desta forma
os jovens não podem se entusiasmar pela vocação sacerdotal. Os sacerdotes devem ter
o sentido do "sagrado", devem se preparar bem para a Eucaristia, assim como dispor-se
interiormente para bem pregar a Palavra de Deus na celebração, momento privilegiado.
O
Patriarca latino de Jerusalém, Dom Michel Sabbah, recordou que foi nessa cidade que
Jesus instituiu a Eucaristia, e ali se deu o mistério da Redenção. Passados tantos
anos, Jerusalém passou a ser terra de conflitos, de ódio, de sangue derramado, de
violação da dignidade humana.
O Patriarca falou também do aspecto social da
Eucaristia. Ela é o alimento que permite ao cristão tornar-se ativo na sociedade.
Para tanto, é necessário uma reeducação à Eucaristia. Os cristãos da Terra Santa devem,
novamente, valorizar a adoração, a missa, a comunhão e os exercícios de piedade. Como
são poucos, os cristãos da Terra Santa sofrem de um complexo de inferioridade que
devem erradicar para, assim, colaborar na instauração da paz naquela realidade.
Na
parte da tarde, 14ª congregação geral, sob a presidência do Cardeal Juan Sandoval
Íñiguez, Arcebispo de Guadalajara, todos os convidados das Igrejas fraternas agradeceram
ao Papa e aos bispos católicos o convite para participar do Sínodo e acolhida que
receberam.
O bispo representante da Igreja Luterana narrou algumas experiências
dolorosas vividas em celebrações ecumênicas, referindo-se à impossibilidade, para
católicos e protestantes, de participar da mesma ceia eucarística. Afirmou que, se
por um lado, o apreço pela Eucaristia é um dom comum para todos nós, por outro lado,
nossa divisão é um escândalo que brada aos céus. E nos dividimos justamente no sacramento
da unidade: a Eucaristia.
Antes do momento da palavra livre, o Cardeal Sandoval
Íñiguez informou os participantes do Sínodo sobre as duas mensagens enviadas à América
Central e ao sul da Ásia, por ocasião da tragédia provocada pelo furacão e pelo terremoto,
respectivamente. (RL/MZ)