2005-10-15 18:58:07

SÍNODO: A BUSCA DA PLENA COMUNHÃO COM OS IRMÃOS CRISTÃOS NÃO DEVE MINAR A UNIDADE DA IGREJA


Cidade do Vaticano, 11 out (RV) - Eucaristia, vínculo de unidade entre as Igrejas. Eucaristia, raiz da paz mundial. Eucaristia, inspiradora de equidade social. Esses foram alguns dos temas discutidos na 13ª sessão da plenária dos bispos sobre a Eucaristia.

Entre os 22 pronunciamentos desta manhã, feitos na presença de Bento XVI _ além de ter sido traçada a situação eclesial nas diversas realidades geográficas e culturais, os padres sinodais se detiveram sobre vários temas litúrgico-dogmáticos a partir da delicada questão sobre a comunhão aos não-católicos, questão introduzida pelo Cardeal Secretário de Estado, Angelo Sodano, que ressaltou, entre outras coisas, que, na busca da plena comunhão com os irmãos separados, não se deve minar a unidade da Igreja.

O Cardeal Renato Rafaelle Martino, Presidente do Pontifício Conselho "da Justiça e da Paz" falou das implicações sociais e políticas da Eucaristia. Ele sugeriu que este Sínodo deve aprofundar a ligação que existe entre Eucaristia e caridade. A dramática situação de extrema pobreza que massacra milhões de seres humanos e inteiras populações no mundo e, por outro lado, as riquezas acumuladas por alguns países, é uma situação que não pode ficar alheia à celebração eucarística.

O Cardeal pediu ainda, que se concedesse especial atenção à relação entre Eucaristia e uso dos bens da terra, que a Igreja considera originariamente destinados a todos. Isso não significa fazer uma politização da Eucaristia, mas sim favorecer a plena verdade do mistério eucarístico, em toda a sua inexaurível riqueza.

Um bispo de Portugal falou sobre a "beleza" na celebração eucarística, ou seja, todos aqueles elementos estéticos que colaboram para uma boa celebração eucarística.

Um cardeal da Bóznia-Herzegóvina falou do papel importante do sacerdote como presidente da assembléia litúrgica. Muitas vezes, disse, vemos nossos padres cansados, sem entusiasmo pelo próprio serviço. Desta forma os jovens não podem se entusiasmar pela vocação sacerdotal. Os sacerdotes devem ter o sentido do "sagrado", devem se preparar bem para a Eucaristia, assim como dispor-se interiormente para bem pregar a Palavra de Deus na celebração, momento privilegiado.

O Patriarca latino de Jerusalém, Dom Michel Sabbah, recordou que foi nessa cidade que Jesus instituiu a Eucaristia, e ali se deu o mistério da Redenção. Passados tantos anos, Jerusalém passou a ser terra de conflitos, de ódio, de sangue derramado, de violação da dignidade humana.

O Patriarca falou também do aspecto social da Eucaristia. Ela é o alimento que permite ao cristão tornar-se ativo na sociedade. Para tanto, é necessário uma reeducação à Eucaristia. Os cristãos da Terra Santa devem, novamente, valorizar a adoração, a missa, a comunhão e os exercícios de piedade. Como são poucos, os cristãos da Terra Santa sofrem de um complexo de inferioridade que devem erradicar para, assim, colaborar na instauração da paz naquela realidade.

Na parte da tarde, 14ª congregação geral, sob a presidência do Cardeal Juan Sandoval Íñiguez, Arcebispo de Guadalajara, todos os convidados das Igrejas fraternas agradeceram ao Papa e aos bispos católicos o convite para participar do Sínodo e acolhida que receberam.

O bispo representante da Igreja Luterana narrou algumas experiências dolorosas vividas em celebrações ecumênicas, referindo-se à impossibilidade, para católicos e protestantes, de participar da mesma ceia eucarística. Afirmou que, se por um lado, o apreço pela Eucaristia é um dom comum para todos nós, por outro lado, nossa divisão é um escândalo que brada aos céus. E nos dividimos justamente no sacramento da unidade: a Eucaristia.

Antes do momento da palavra livre, o Cardeal Sandoval Íñiguez informou os participantes do Sínodo sobre as duas mensagens enviadas à América Central e ao sul da Ásia, por ocasião da tragédia provocada pelo furacão e pelo terremoto, respectivamente. (RL/MZ)







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