SÍNODO: BISPO SUGERE CATEQUESE MAIS INCISIVA SOBRE A EUCARISTIA
Cidade do Vaticano, 10 out (RV) - Um Sínodo para as Igrejas Orientais: foi
a proposta feita esta manhã, pelo Cardeal Lubomir Husar, Presidente da Conferência
Episcopal Ucraniana, na abertura da 11ª congregação geral do Sínodo dos Bispos sobre
a Eucaristia, realizada na presença de Bento XVI.
Entre os 22 pronunciamentos
dos padres sinodais, esta manhã _ que privilegiaram em particular o aspecto da missionariedade,
da inculturação e do ecumenismo _ foi dado espaço também, à dramática atualidade do
terremoto que atingiu, sobretudo, o Paquistão.
Por uma singular coincidência
do protocolo, o Arcebispo de Karachi, Dom Evarist Pinto, foi um dos primeiros a tomar
a palavra na plenária desta manhã. Dom Evarist manifestou preocupação pelo que seu
país está vivendo nestes dias.
Na parte da tarde, 12ª congregação geral, fizeram
suas intervenções 13 padres sinodais, abordando diversos temas que constam no "Instrumentum
laboris" (Instrumento de trabalho) do Sínodo. Falaram três membros da África, dois
membros da Ásia, três membros da Europa, dois da América, um do Vaticano e dois representantes
da União dos Superiores Gerais.
Foram estes, em síntese, alguns dos temas abordados:
Um
bispo africano apresentou a índole do seu povo, que tem um profundo senso do religioso.
A Eucaristia permite ao povo africano vencer o tribalismo, o ódio e toda forma de
divisão, situações que vêm massacrando aquele continente. Para o povo africano a celebração
dominical é uma festa. Essa característica da "Igreja dos pobres" deveria contagiar
toda a Igreja, devolvendo-lhe o senso festivo sem, contudo, perder o profundo respeito
pela dimensão religiosa.
Um prelado cubano falou da experiência eucarística
daquela ilha, onde a religião é controlada pelo governo central. Não obstante o rigor
do controle, já em 2000 foi possível celebrar um congresso eucarístico diocesano em
Havana, que ganhou dimensões nacionais. Durante o congresso, realizou-se uma procissão
pública do Santíssimo Sacramento, que reuniu grande multidão de fiéis. Houve ainda
um congresso teológico sobre a Eucaristia. O Ano da Eucaristia acabou sendo acrescentado
no Plano Pastoral da ilha, para os anos 2000-2005. Na impossibilidade de se construírem
novas igrejas, estão funcionando muitas "casas de oração" ou "casas de missão", situadas
em bairros da periferia e nos povoados, onde se celebra a Eucaristia para um pequeno
grupo de pessoas (normalmente não passa de 40).
O Ministro Geral dos Capuchinhos
falou sobre "Eucaristia e encarnação". "São Francisco _ disse ele _ fazia impressionantes
analogias entre a descida de Jesus ao seio de Maria e a descida de Jesus sobre o altar,
durante a missa. O mistério da encarnação deve manifestar-se também na vida dos fiéis
a partir de sua participação na Eucaristia."
Representando os bispos da Malásia,
Singapura e Brunei, um bispo da Malásia afirmou que a encíclica "Ecclesia de Eucharistia",
o Congresso Eucarístico Internacional do México e a carta apostólica "Manes nobiscum
Domine", além deste Sínodo, podem ser considerados um momento de graça para toda a
Igreja.
Naquela região asiática, de 50% a 80% dos católicos participa ativamente
das celebrações dominicais. O Bispo constata que, às vezes, falta devoção interior
nos fiéis e nem sempre os sacerdotes celebram com fervor a Eucaristia. Não é tarefa
do padre entreter o povo. O Bispo sugeriu ainda que este Sínodo insista na dimensão
missionária da Eucaristia.
Um Bispo português falou de três tendências que
se manifestam em seu país: os padres se preocupam muito em garantir a missa aos fiéis
e acabam descuidando da qualidade da celebração; às vezes o esforço por afirmar que
a Eucaristia é a "mesa da igualdade" acaba se descuidando do outro aspecto de sacrifício
do Cordeiro imolado; multiplicam-se as celebrações dominicais sem padre; a facilidade
com que se faz isso, no entanto, preocupa os bispos.
Um Bispo do Paraguai,
com muita propriedade, falou das aplicações sociais da Eucaristia. Recordou o exemplar
defensor da justiça e equidade para com os indígenas _ São Roque González e companheiro.
O coração desse santo, arrancado e queimado, está na capela dos mártires da capital
do país. Um coração assim martirizado, só podia ser coração de carne-eucaristizado,
e só pode produzir frutos de vida, de luz, de conversão, que nos desafiam e nos remetem
ao Salvador e Senhor da Vida.
O Bispo falou ainda, das tantas exclusões que
continuam ocorrendo no país e no continente latino-americano. Sugeriu que se valorize
a dimensão solidária do ofertório da missa, quando os fiéis trazem alimentos e depositam
aos pés do altar (assim era na Igreja primitiva). "Como Igreja _ disse o prelado _
deveríamos lutar por uma conversão planetária, a fim de crescer na solidariedade social
e lutar contra o terrível flagelo da fome no mundo."
Ele falou de um "Pentecostes
de solidariedade" no planeta, com muito pão e remédio para favorecer as populações
ameaçadas de extinção.
Poucos minutos antes das 18h, o Santo Padre entrou na
Sala do Sínodo, para participar do momento da palavra livre para os padres sinodais,
que durou até às 19h. (RL/MZ)