SÍNODO: ECUMENISMO E INCULTURAÇÃO ENTRE OS TEMAS MAIS DEBATIDOS NA ASSEMBLÉIA SINODAL,
NA PRESENÇA DE BENTO XVI
Cidade do Vaticano, 08 out (RV) - Prosseguem os trabalhos da XI Assembléia
Geral do Sínodo dos Bispos, que tem como tema "A Eucaristia: fonte e ápice da vida
e da missão da Igreja". A sessão desta manhã _ a 10ª congregação geral _ foi aberta
com a oração comunitária presidida pelo Santo Padre.
Os padres sinodais falaram
sobre temas diversos ligados à Eucaristia, tratando de questões que refletem a realidade
das várias Igrejas locais, evidenciando, em particular, o aspecto da inculturação
cristã e das relações ecumênicas. Foi também feita a proposta de se dedicar às Igrejas
Orientais, um dos próximos Sínodos dos Bispos.
Falou-se novamente sobre o tema
da Liturgia da Palavra, como alimento espiritual para a vida do Povo de Deus. Este
sínodo deve criar condições para que a Palavra seja mais valorizada na celebração,
e seja também transformadora da vida.
Outro bispo propôs que os ministros tenham
boa formação bíblica e litúrgica. Que se valorize a "leitura orante da Palavra" e
todo projeto pastoral e evangelizador esteja animado, centrado e orientado pela Palavra
de Deus.
A centralidade do "dies Domini" (o domingo): Na África, nas celebrações
dominicais, uma verdadeira festa, onde se manifesta a alegria de viver, aprende-se
a hospitalidade, a solicitude de uns pelos outros, a generosidade, a gratuidade das
oferendas, independente de idades e etnias. Reúne-se a "família ampliada".
Do
norte da África, um forte apelo do Arcebispo de Addis Abeba, na Etiópia, Dom Berhaneyesus
Demerew Souraphiel. Os chamados países do "chifre da África" vivem situações de extrema
pobreza. Os cristãos são minoria e convivem no seio de uma cultura majoritariamente
muçulmana.
Forçados pela pobreza, muitos emigram para os paises muçulmanos,
onde têm dificuldade de celebrar a Eucaristia e viver a fé católica. O Arcebispo de
Adis-Abeba fez uma denúncia: os paises ocidentais, tipicamente cristãos, se negam
a receber esses imigrantes.
Da Nigéria, um bispo falou sobre a importância
das "imagens", como expressão visual do sagrado. A Igreja precisa aprofundar o sentido
das imagens religiosas e seu significado sacramental. Este Sínodo precisa desenvolver
a teologia da "presença" e detalhar melhor o significado do sacrário, pois na Nigéria,
segundo o bispo, não se compreende bem o significado da adoração eucarística, não
vai muito de acordo com sua cultura.
O Cardeal-arcebispo de São Paulo, Cláudio
Hummes, falou da situação do numero dos católicos que vem diminuindo no Brasil. Para
fazer frente a isso, o Episcopado brasileiro está propondo as missões paroquiais,
uma iniciativa na qual os evangelizadores leigos vão de casa em casa, visitando as
famílias.
Um bispo do Panamá falou da necessidade de inculturar a liturgia
eucarística à realidade indígena. No país, que é pequeno, estão presentes sete nações
indígenas _ 66% da população.
Outro bispo da África abordou o tema "Eucaristia
e unidade". Disse que a Igreja vive da união entre o Pai e o Filho. Na Eucaristia,
se dá a unidade da Igreja e a unidade dos cristãos. Eucaristia e unidade são temas
indissolúveis.
Do Japão, um padre sinodal disse que a celebração eucarística
deve ser resposta à situação real do povo. A Igreja deve celebrar os eventos da vida
nacional e as festas nativas. E nas traduções dos textos litúrgicos, se deve respeitar
o sentido das palavras na tradição local.
À tarde, os padres sinodais comemoraram
o 40º aniversário da instituição do Sínodo. Instituído por Paulo VI no dia 15 de setembro
de 1965, logo após o Concílio Vaticano II, o Sínodo pode ser convocado somente pelo
Papa, quando surge a necessidade de consultar o Episcopado mundial sobre temas que
interessam toda a Igreja Católica. As assembléias dos bispos são uma antiga tradição
na Igreja. (MZ-RL)
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A Rádio Vaticano entrevistou o Arcebispo
de Mariana (MG), Dom Luciano Mendes de Almeida, sobre esta primeira semana dos trabalhos
sinodais... (MT)