UNICEF DENUNCIA SITUAÇÃO DE CRIANÇAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIAS NO LESTE EUROPEU
Genebra, 05 out (RV) - Um relatório do UNICEF (Fundo das NN. UU. para a Infância)
divulgado hoje em Genebra, revela que muitas crianças do Leste europeu, portadoras
de deficiências, são internadas em institutos especializados e separadas de suas famílias,
às vezes por toda a vida.
Segundo os dados da organização que cuida dos direitos
dos menores, ainda é muito comum o preconceito e a discriminação em relação aos portadores
de algum tipo de deficiência. Em função disso, mais de um milhão de crianças não são
registradas como tais.
O primeiro relatório sobre a situação das crianças e
jovens portadores de deficiência em 27 países da Europa central e oriental e da ex-União
Soviética informou que o número oficial de crianças registradas como portadoras de
deficiências, triplicou em 10 anos, passando de 500 mil em 1990, para um milhão e
meio no ano 2000. O aumento é devido essencialmente a um crescimento no reconhecimento
formal da deficiência.
Considerando a população de 102 milhões de crianças
e com base no percentual de 2,5% de portadores, estima-se que pelo menos um milhão
de crianças portadoras de deficiência ainda não foram registradas.
A Diretora
da UNICEF para a Europa do Leste e ex-URSS, Maria Calivis, denunciou que "os agentes
de saúde que trabalham com essas crianças, são os primeiros a encorajar os pais a
deixarem os filhos nos institutos", afirmando que é no "interesse da criança"".
O
relatório, elaborado pelo Centro de Pesquisa do UNICEF de Florença revela que, como
os jovens são separados ainda muito cedo de suas famílias, sendo confinados em imensas
estruturas fechadas e em escolas especializadas, seu futuro será o de viver em institutos
para adultos, onde seus direitos fundamentais correm o risco de ser sistematicamente
violados.
A especialista do UNICEF acrescentou que "existem alguns progressos
e tentativas de ajudar os pais a manterem as crianças em casa, mas ainda é raro acontecer".
Para ela, as entrevistas feitas com as crianças portadoras de deficiências, revelam
que todos pedem para voltar para casa, para a família, mesmo sabendo que, no instituto,
podem comer carne uma vez por semana.
Muitos pais também gostariam de levar
seus filhos novamente para casa, mas dependem da ajuda do Estado para fazê-lo. (JE)