MENSAGEM DO PAPA PELOS 100 ANOS DE NASCIMENTO DO TEÓLOGO HANS URS VON BALTHASAR

Cidade do Vaticano, 07 out (RV) - Hans Urs von Balthasar foi um "verdadeiro teólogo", mostrando a todos, a necessidade da "transformação do coração" para poder "fixar o olhar na face de Cristo". Foi o que afirmou Bento XVI, na mensagem enviada ao Simpósio em curso na Pontifícia Universidade Lateranense, de Roma, sobre o grande teólogo suíço, a 100 anos de seu nascimento.

Em sua mensagem, Bento XVI expressa alegria de ter podido conhecer e se relacionar com Hans Urs von Balthasar, chegando a fundar juntos, a revista "Communio", logo após o Concílio Vaticano II. Uma "sincera amizade" nos unia, afirma o Papa, que definiu o teólogo suíço como "guia autorizado" cuja reflexão conserva até hoje "uma profunda atualidade".

Segundo o teólogo suíço, "a realidade da fé encontra… sua beleza insuperável" no mistério da morte e ressurreição de Jesus. Hans Urs von Balthasar via nesse mistério _ observou Bento XVI _ a lógica da revelação: "Deus se fez homem, para que o homem possa viver a comunhão da vida com Deus. Em Cristo é oferecida a verdade última e definitiva à pergunta do sentido, que todo homem faz."

"Posso atestar _ escreve o Pontífice _ que sua vida foi uma genuína busca da verdade, que ele compreendia como uma busca da verdadeira Vida. Procurou em todos os lugares, os traços da presença de Deus e de Sua verdade: na filosofia, na literatura e nas religiões, procurando sempre romper aqueles circuitos que comumente mantêm a razão prisioneira de si, abrindo-a aos espaços do infinito."

Von Balthasar _ prossegue o Santo Padre em sua mensagem _ "foi um teólogo que colocou sua pesquisa a serviço da Igreja, porque tinha a convicção de que a teologia podia ser definida somente pela eclesialidade".

"A teologia, como ele a concebia, devia ser conjugada com a espiritualidade; somente assim, de fato, podia ser profunda e eficaz. A espiritualidade _ observa Bento XVI _ não atenua o teor científico, mas dá ao estudo teológico o método correto para poder alcançar uma interpretação coerente."

"Uma teologia assim concebida levou von Balthasar a uma profunda leitura existencial. Por isso _ observa ainda o Papa _ um dos temas centrais em que se detinha com satisfação, era o de mostrar a necessidade da conversão. A transformação do coração era, para ele, um ponto central."

"De fato, somente desse modo, a mente se liberta dos limites que a impedem de ter acesso ao mistério, e os olhos se tornam capazes de fixar o olhar na face de Cristo."

Von Balthasar _ explica Bento XVI _ "havia compreendido profundamente, que a teologia pode desenvolver-se somente com a oração que colhe a presença de Deus e a ele se confia, obedientemente. Essa é uma estrada que merece ser percorrida até o fim".

E isso _ acrescenta o Santo Padre _ "comporta evitar caminhos unilaterais, que somente podem distanciar da meta, e comporta ainda, rejeitar o impulso de seguir modas que fragmentam o interesse pelo essencial".

"O exemplo que von Balthasar nos deixou _ conclui o Papa, em sua mensagem _ é… o de um verdadeiro teólogo… um homem de fé, um sacerdote que, na obediência e no silêncio, jamais procurou a afirmação pessoal, mas em pleno espírito inaciano, sempre desejou a maior glória de Deus." (RL)