SÍNODO: BISPOS RELEMBRAM PERSEGUIÇÕES DOS COMUNISTAS
Cidade do Vaticano, 06 out (RV) - Um dos momentos de maior comoção na Assembléia
do Sínodo verificou-se nesta quinta-feira, durante a intervenção do Bispo romeno Lucian
Mureşan, Arcebispo de Fagaras e Alba Julia, e Presidente da Conferência Episcopal
Romena. Dom Mureşan lembrou a perseguição sofrida pela Igreja em seu país, durante
o regime comunista.
O prelado voltou atrás no tempo, para contar aos padres
sinodais, o processo de reeducação marxista a que foram submetidos os sacerdotes católicos
da Romênia. Entre as imposições dos comunistas, estavam a prisão de fiéis, pelo simples
motivo de serem católicos e a profanação e a ridicularização da missa.
As celebrações
eucarísticas continuaram a se realizar, mas os sacerdotes tinham de usar uma colher
no lugar do cálice sagrado e precisavam misturar água com grãos de uva para simular
o vinho.
Hoje, porém _ ressaltou Dom Lucian Mureşan _ "os filhos de Deus famintos
do pão eucarístico, vivem em liberdade na Romênia" e são freqüentadores assíduos das
liturgias. Cerca de 80% dos fiéis participam das missas, num país em que os católicos
são somente 12% da população.
"No nosso país, os comunistas deram ao homem
somente o pão material e buscaram tirar da sociedade e do coração das pessoas, o pão
de Deus. Agora, vemos que eles tinham grande medo do Deus presente na Eucaristia"
_ desabafou Dom Mureşan, que recebeu os aplausos e a solidariedade da assembléia sinodal.
A
Igreja no Vietnã também foi vítima das limitações impostas pelos comunistas, segundo
o depoimento de Dom Pierre Trân Dinh Tu, Bispo de Phú Cuong. Embora os comunistas
vietnamitas permaneçam no poder, o prelado relatou aos padres sinodais o mesmo fenômeno
de alta freqüência às missas, observado na Romênia.
Da Turquia, onde também
há algumas restrições à liberdade de culto, os padres sinodais receberam o relato
do Vigário Apostólico na Anatolia, Dom Luigi Padovese. Em entrevista à Rádio Vaticano,
o prelado contou que a Eucaristia ganhou em seu país o caráter de ecumenismo.
"A
Turquia, como terra de antiga memória cristã, apresenta uma pluralidade de situações
em relação à Eucaristia. Nas nossas celebrações, comparecem cristãos não somente latinos,
mas também armênios, caldeus, sírio-católicos e ortodoxos. A Eucaristia torna-se,
para nós, o único momento significativo de agregação, não só entre os católicos, mas
entre todos os cristãos." (RW)