Cidade do Vaticano, 04 out (RV) - O jornal alemão "Bild am Sonntag" revelou,
no último fim de semana, que Bento XVI foi espionado pelo serviço secreto da antiga
Alemanha Oriental, durante 15 anos. Todos os passos e idéias do então teólogo e Cardeal
Joseph Ratzinger estão descritos num dossier secreto, agora tornado público pelo governo
alemão, com a autorização do Pontífice.
Os comunistas alemães vigiaram o Papa,
de 1974 a 1989, quando a queda do Muro de Berlim decretou o fim do regime autoritário
que governava a fração leste da Alemanha, hoje unificada. A principal preocupação
da "gestapo vermelha" eram os ideais anticomunistas de Ratzinger.
Descrito
já no primeiro informe do dossier como “um dos maiores adversários do comunismo no
Vaticano”, o então Cardeal Joseph Ratzinger era visto como uma pessoa tímida, embora
seu caráter irradiasse fascínio, calor humano e simpatia.
A atenção sobre
Ratzinger foi redobrada em 1979, com a eleição do Cardeal Wojtyla à cátedra de Pedro,
como João Paulo II.
Escolhido pelo amigo Karol Wojtyla para presidir a Congregação
para a Doutrina da Fé, o Cardeal Ratzinger _ na perspectiva do serviço secreto _ seria
capaz de posicionar a Igreja na América Latina contra o comunismo. Por isso, ao menos
oito agentes tinham o trabalho de recolher informações sobre ele.
Dessas oito
pessoas, duas foram identificadas. São conhecidos os nomes de um sacerdote _ ainda
vivo _ e de um frade beneditino _ já falecido. Na tentativa de desqualificar as posições
do Cardeal Ratzinger, o serviço secreto alemão chegou a investigar supostas ligações
dele com o Nazismo, mas uma nota acrescentada ao próprio dossier concluiu que a tese
não tinha fundamento. (RW)