2005-10-04 18:13:45

SOLENE CONCELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA PRESIDIDA POR BENTO XVI INAUGURA TRABALHOS DA ASSEMBLÉIA SINODAL


Cidade do Vaticano, 02 out (RV) - A solene concelebração eucarística presidida por Bento XVI, na Basílica de São Pedro, esta manhã, abriu oficialmente, os trabalhos da XI Assembléia Geral do Sínodo dos Bispos, inteiramente dedicada à Eucaristia. Concelebraram com o Pontífice cerca de 320 cardeais, patriarcas e prelados.

Durante a liturgia e depois, no Angelus, o Papa pediu a Deus e à Virgem Maria que assistam de modo especial, a Igreja empenhada nessa reflexão colegial, para alcançar, afirmou ele, "uma consciência cada vez mais clara da própria missão a serviço do Redentor realmente presente no sacramento da Eucaristia".

O "vinho" da alegria e da presença amorosa de Deus, pago a caro preço com a morte de seu Filho e deixado como dom "indestrutível" à humanidade _ através d'Ele _ na Eucaristia, ao invés do vinagre da auto-suficiência, do conflito e da indiferença de quem é tentado a reduzir Deus a "uma simples frase devota".

A partir de amanhã e durante três semanas, 256 cardeais e bispos estarão refletindo sobre o mistério central da vida cristã. O convite do Papa é um verdadeiro "programa de trabalho": Que a dar valor a esse encontro não sejam somente "palavras bonitas" que os padres sinodais saberão dedicar à Eucaristia, mas a experiência de força que brota desse Sacramento que fala de sacrifício e de amor, de morte e de vida.

A homilia de Bento XVI na missa inaugural do Sínodo foi uma progressão de reflexões que se iniciaram pela constatação: Deus cria o homem à Sua imagem, e, portanto no homem "brilha" um pouco do amor divino. Mas o homem tem consciência disso? Responde a esse amor, se pergunta o Papa...

"Deus nos espera. Ele quer ser amado por nós: um análogo apelo não deveria, certamente, tocar o nosso coração? Justamente nesta hora em que celebramos a Eucaristia, em que inauguramos o Sínodo sobre a Eucaristia, Ele vem ao nosso encontro, vem ao meu encontro. Encontrará uma resposta? Ou acontece conosco como com a vinha da qual Deus diz a Isaías: "Ele contava com uma colheita de uvas, mas ela só produziu uvas verdes?" A nossa vida cristã não é muitas vezes muito mais vinagre do que vinho? Autocomiseração, conflito, indiferença?"

O contraste entre as duas uvas _ a uva boa símbolo de justiça e a uva verde, emblema da violência _ se faz mais estridente no Evangelho. Embora ali, a uva seja boa, são os vinheiros que são injustos e cruéis, pretendendo ficar com o fruto da colheita. Uma imagem grave, explicou Bento XVI: é o próprio Deus a ser desprezado, um pouco como muitas vezes acontece no mundo de hoje...

"Nós homens, aos quais, por assim dizer, é confiada a administração da criação, a usurpamos. Queremos ser os donos em primeira pessoa e sozinhos. Queremos possuir o mundo e a nossa própria vida de modo ilimitado. Deus se nos apresenta como um obstáculo. Ou se faz d'Ele uma simples frase devota ou Ele é totalmente negado, banido da vida pública, de modo a perder todo e qualquer significado. A tolerância, que admite Deus como opinião privada, mas lhe rejeita o domínio público, a realidade do mundo e da nossa vida, não é tolerância, mas hipocrisia. Onde o homem se faz único dono do mundo e proprietário de si mesmo, não pode existir a justiça. Aí pode dominar somente o arbítrio do poder e dos interesses."

O Deus das Escrituras, que submete a "vinha infiel" a um rigoroso julgamento, prosseguiu o Papa, é o mesmo que anunciou a destruição histórica de Jerusalém no ano 70 d.C.. Nesse ponto o Santo Padre fez aí uma observação...

"A ameaça de juízo concerne também a nós, à Igreja na Europa, à Europa e ao Ocidente em geral. Com esse Evangelho o Senhor grita em nossos ouvidos as palavras que no Apocalipse dirigiu à Igreja de Éfeso. "Arrepende-te, e retorna às tuas primeiras obras. Senão, virei a ti, e removerei o teu candelabro do seu lugar, caso não te arrependas." Também a nós pode ser tirada a luz, e fazemos bem se deixamos ressoar essa advertência em toda a sua seriedade em nossa alma, gritando ao mesmo tempo ao Senhor: "Ajuda-nos a converter-nos! Doa a todos nós a graça de uma verdadeira renovação!"."

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No Angelus, após o término da santa missa, o Papa se dirigiu à multidão reunida na Praça São Pedro, para explicar porque se quis dedicar um Sínodo a um tema "aparentemente óbvio" como a Eucaristia. Porque, explicou ele, a doutrina católica que diz respeito a tal mistério "requer que ele seja recebido, vivido e transmitido pela comunidade eclesial de modo sempre novo e adequado aos tempos".

"A Eucaristia poderia ser considerada também como uma "lente" através da qual se deve verificar continuamente o rosto e o caminho da Igreja."

O Papa citou São Francisco Xavier e Santa Teresa de Lisieux como exemplos de santos que, plasmados pela Eucaristia, testemunharam o Evangelho tanto nos confins da terra como na clausura de um convento...

"Invoquemos a proteção deles sobre os trabalhos sinodais, bem como a proteção dos Anjos da Guarda, que hoje recordamos. Rezemos com confiança, sobretudo, à Bem-aventurada Virgem Maria que, no próximo dia 7 veneraremos sob o título de Nossa Senhora do Rosário (...) Essa antiga oração está tendo, graças a Deus, um providencial reflorescimento, graças também ao exemplo e ao ensinamento do amado Papa João Paulo II. Convido vocês a relerem a sua carta apostólica "Rosarium Virginis Mariae" e a colocarem em prática as indicações em nível pessoal, familiar e comunitário." (RL)








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