INÍCIO DO RAMADÃ E ANO NOVO JUDEU: FESTAS RELIGIOSOS IRMANAM JUDEUS E MUÇULMANOS
Jerusalém, 04 out (RV) - Nem o "muro de separação" entre Israel e os territórios
palestinos pôde dividir a lua na noite que passou: uma singular coincidência de calendário
e o aparecimento da lua nova uniram os dois povos da Terra Santa. Os israelenses iniciam
os ritos de fim de ano, enquanto a maioria dos palestinos (e o bilhão e 250 milhões
de muçulmanos no mundo), celebram início do Ramadã.
O Ramadã é um evento do
Islamismo que não tem data fixa, pois se celebra no nono mês do calendário muçulmano.
Acredita-se que no mês do Ramadã, o Alcorão - o livro sagrado do Islamismo _ foi enviado
do céu como uma orientação aos homens e como um meio para sua salvação. Durante este
mês, os muçulmanos jejuam, se concentram na sua fé e gastam menos tempo nas suas preocupações
cotidianas. É um período de adoração e contemplação.
Durante o mês
do Ramadã, a vida cotidiana dos muçulmanos sofre restrições rígidas: não é permitido
comer ou beber durante as horas de luz, além de ser proibido também, fumar e manter
relações sexuais. Ao término de cada dia, o jejum é finalizado com uma oração e uma
refeição chamada "iftar".
Nas horas (da noite) depois do "iftar", é habitual
que os muçulmanos saiam com a família, para visitar amigos e familiares. O jejum é
retomado na manhã seguinte.
De acordo com o Alcorão, a pessoa pode comer e
beber a qualquer hora durante a noite, "até que ela possa distinguir uma linha branca
de uma linha preta, pela chegada da luz do sol, da luz do dia. Então, ela deve manter
o jejum até à próxima noite chegar".
O bem feito pelo jejum pode ser destruído
através de cinco situações: contar uma mentira, caluniar, denunciar uma pessoa pelas
costas, prestar juramente falso, ser ganancioso ou cobiçar as coisas alheias. Essas
atitudes são, habitualmente, consideradas ofensivas, mas é muito mais ofensivo cometê-las
durante o jejum do Ramadã.
Ainda durante esse período, é comum que os muçulmanos
vão à mesquita, onde transcorrem várias horas rezando e estudando o Alcorão. Além
das cinco orações diárias, durante o Ramadã os muçulmanos recitam uma oração especial
_ a Taraweeh (Oração Noturna). Alguns muçulmanos passam a noite inteira em oração.
Já
o Rosh Hashaná _ o Ano novo judaico _ é o Dia do julgamento, no qual Deus determina
o destino de cada um para o ano que se inicia.
Segundo a tradição, o mundo
foi criado no Tishrei _ o sétimo mês do calendário judaico. Adam (Adão) e Chava (Eva)
foram criados no primeiro dia desse mês, que foi o sexto dia da criação, e é a partir
de então que o ano se inicia.
A parte principal do ofício de Rosh Hashaná
é o toque do shofar, o chifre de carneiro, que desperta as pessoas para o arrependimento.
Cada lua nova é anunciada e abençoada na sinagoga no Shabat (o dia do descanso e de
oração para o judeu) anterior. Desde o pôr-do-sol de ontem, os judeus estão no ano
5.766.
O Ano novo dos judeus e o início do mês de oração e de jejum para os
muçulmanos (Ramadã) abrem-se, este ano, com a consciência de que no último ano solar,
as vítimas dos conflitos entre os dois povos se reduziram: nos últimos doze meses,
quarto ano da Intifada, 481 pessoas morreram, no ano "menos sangrento" desde o início
da rebelião, em 2000.
As forças de segurança de Israel mataram 425 palestinos
_ uma média de 35 por mês. E os milicianos palestinos provocaram a morte de 56 israelenses
ou estrangeiros _ uma média de cinco vítimas por mês. (CM)