Santa Sé denuncia crescimento do comércio de armas, e reafirma importância do controlo
do armamento e desarmamento,pilares fundamentais para a arquitectura da paz.
A Santa Sé denunciou na Assembleia Geral da ONU o crescimento do negócio das armas
“em diversas partes do mundo”.
“O comércio legal de armas está mais uma vez a aumentar e o fluxo ilegal de armas
para as zonas do mundo em conflito é responsável por um número incontável de mortes.
Os ataques terroristas que usam espingardas, armas automáticas, granadas, minas terrestres,
mísseis e explosivos não pára de aumentar”, disse o Arcebispo Celestino Migliore,
observador permanente da Santa Sé junto da ONU.
Falando no I Comité da 60ª Assembleia Geral das Nações Unidas sobre o tema “Desarmamento
Completo e Geral”, o observador da Santa Sé lembrou o falhanço internacional, sobre
esta matéria, na recente cimeira de Chefes de Estado e de Governo.
D. Celestino Migliore lamentou que o documento resultante desse grande encontro não
tivesse adoptado “negociações em vista de um desarmamento geral e completo”, bem como
o reforço de um “regime internacional de não-proliferação”.
Lembrando que Kofi Annan classificou este falhanço como “uma desgraça”, o representante
da Santa Sé apontou o dedo à “pressão” colocada sobre os líderes mundiais para “colocarem
de lado” as preocupações relativas aos perigos colocados pela proliferação de todo
o tipo de armamento.
Para D. Migliore, é “deplorável” que a Conferência de revisão do Tratado de Não-Proliferação,
em Maio passado, tenha acabado “sem nenhuma decisão substancial”.
“As armas nucleares tornaram-se uma presença permanente em muitas doutrinas militares
e houve um aumento dramático de 20% nos gastos militares em todo o mundo ao longo
dos últimos dois anos”, alertou. Entre os dados revelados, a Santa Sé frisou que as
vendas das 100 maiores companhias de produção de armamento cresceu 25% no último ano.
O observador criticou duramente a ONU por não agir perante os números do drama: “as
armas ligeiras matam, pelo menos, 500 mil pessoas em cada ano, mas as conferências
das Nações Unidas sobre esta matéria não produziram nenhum instrumento legal sobre
o tráfico de armas ligeiras”.
“A Santa Sé reafirma a importância do controlo de armamento e do desarmamento, que
são pilares fundamentais para a arquitectura da paz”, afirmou.