Sinodo iniciou os seus trabalhos com reflexão alargada sobre as grandes questões da
Igreja
A XI Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos começou esta manhã os seus trabalhos
com uma reflexão alargada sobre as grandes questões da Igreja. O tema é “A Eucaristia:
fonte e cume da vida da Igreja.
256 Bispos de 118 países, reunidos no Vaticano até ao próximo dia 23 de Outubro vão
sublinhar a importância da celebração eucarística, sobretudo nas assembleias dominicais,
reforçando a mobilização das comunidades católicas desenhada por João Paulo II aquando
da convocação do Ano da Eucaristia – que simbolicamente se encerra no último dia do
Sínodo.
A assembleia sinodal vai lançar um olhar em profundidade a muitos aspectos pastorais
relacionados com a Eucaristia, mas não só. O primeiro grande evento eclesial após
a eleição de Bento XVI é uma oportunidade privilegiada para discutir os assuntos que
mais preocupam a Igreja e procurar novas respostas, apesar do carácter consultivo
do Sínodo.
Os assuntos que podem entrar na discussão são muitos. Do ponto de vista litúrgico
é quase certo que a questão dos “abusos” estará em cima da mesa , mas sobretudo falar-se-ã
da beleza er grandeza da Eucaristia. Temas como a presença real de Cristo na Eucaristia
não irão deixar de marcar presença na assembleia, seguindo as orientações do “Instrumentum
Laboris” apresentado este ano.
Nesse documento, ponto de partida das reflexões, é repetido que Cristo está verdadeiramente
presente na Eucaristia e que, por isso, o Sacramento deve ser tratado com dignidade
e partilhado apenas com os que têm a mesma fé. O problema principal é que os católicos
perderam consciência da riqueza da celebração dominical e da participação na Eucaristia
– bem como das implicações desta celebração na evangelização, na caridade e na justiça
social.
O texto insiste na unidade entre “o ensinamento da Igreja e a vida moral”, seja na
esfera pessoal, seja nos campos culturais e da vida social. “Na liturgia o homem não
olha para si, mas para Deus; não é o nosso louvor, mas a sua acção que faz a Eucaristia”,
precisa. Grandes preocupações
Para além desta base de trabalho, contudo, é certo que vários Bispos venham a apresentar
problemas pastorais específicos, como a falta de padres ou a questão dos divorciados
que voltaram a casar.
Essa ideia esteve presente na “Relatio ante Disceptationem (Relatório antes da discussão)”
apresentada pelo Cardeal Angelo Scola, Relator Geral do Sínodo. O Patriarca de Veneza
introduziu os trabalhos com uma grande intervenção, na qual se destacou o olhar lançado
às questões mais “mediáticas” que a Igreja vive nos nossos dias.
Sobre a possível ordenação de homens casados, na ordem do dia por causa da falta de
padres, o relatório sublinha que o celibato tem como base “profundos motivos teológicos”,
apesar de reconhecer que a crise vocacional assume “proporções extremamente graves”
de que são testemunhas numerosos Bispos.
O Cardeal Scola defendeu o “valor profético e educativo do celibato” e sustentou que
a Igreja não pode resolver esta questão “como uma empresa que se tem de dotar de uma
determinada quota de quadros dirigentes”.
Outro dos assuntos sensíveis abordados foi a situação dos católicos divorciados que
voltaram a casar, com o Patriarca de Veneza a referir que a solução passa por uma
melhor preparação para o matrimónio e pela extensão, quando necessário, dos processos
de nulidade nos tribunais eclesiásticos.
Sobre as implicações da vivências da Eucaristia na vida pública, o Cardeal Scola desafiou
os católicos a construir “uma nova ordem mundial” que possa garantir a todos os povos
“a possibilidade de um desenvolvimento equilibrado”.