PARA O TEÓLOGO HANS KÜNG, O ENCONTRO COM BENTO XVI FOI UM "SINAL DE ESPERANÇA"
Berlim, 27 set (RV) - "Um sinal de esperança": foi o que afirmou o teólogo
Hans Küng _ em declaração ao "Sueddeutsche Zeitung", nesta terça-feira _ comentando
seu encontro de sábado passado, em Castel Gandolfo, com Bento XVI.
Por suas
críticas ao Vaticano e por ter colocado em dúvida a infalibilidade pontifícia, o teólogo
Hans Küng foi suspenso do magistério em 1979. Ele disse ao jornal que, semanas após
a eleição do Cardeal Ratzinger, escreveu ao novo papa, "na esperança que, não obstante
todas as diferenças de posições, pudesse estabelecer-se um diálogo".
Nessa
carta enviada a Bento XVI, Hans Küng teria manifestado o desejo de voltar à sua cátedra
de Teologia. "O Papa Bento XVI _ observou Küng _ respondeu rapidamente e com muita
cortesia", convidando-o para um encontro.
No colóquio de Castel Gandolfo, precisou
o teólogo suíço, falou-se em primeiro lugar da relação entre ciências naturais e religião,
e também sobre a fé e a teoria da evolução. Hans Küng disse que viu no Papa "um interlocutor
atento e aberto" e que o diálogo transcorreu "sem nenhuma polêmica".
No encontro
falaram "não de documentos, mas de deveres e problemas". Ao final, o Papa o convidou
para jantar.
Como teólogos, Küng e Ratzinger, nos anos 60, lecionaram juntos
em Tübingen, e se encontram pela última vez em 1983.
O jornal "Sueddeutsche
Zeitung" de hoje publicou a notícia do colóquio entre o Papa Ratzinger e Hans Küng
em primeira página.
Hans Küng nasceu em 1928, em Sursee, Suíça. Estudou Teologia
na Pontifícia Universidade Gregoriana, de Roma, e ampliou sua formação na Sorbonne
e no Instituto Católico, de Paris.
Ordenado sacerdote em 1954, docente
de Teologia da Universidade de Tübingen, Kung foi designado "peritus", consultor em
matéria teológica por João XXIII, por ocasião do Concílio Vaticano II.
Küng
é um dos teólogos de vanguarda mais controvertido do pensamento católico contemporâneo.
Baseando-se numa sólida pesquisa histórico-teológica, defende uma revisão
das "estruturas da Igreja, inadequadas (segundo ele) para o nosso tempo" e uma análise
dos dogmas, para libertá-los dos condicionamentos lingüísticos ou mentais e extrair
o seu verdadeiro sentido, adequando-os ao pensamento do homem atual.
Hans
Küng, que em 1979 foi suspenso de sua cátedra de Teologia, acredita que o futuro da
Igreja segue na direção indicada por João XXIII e Paulo VI, rumo ao diálogo e à abertura
com a sociedade.(MZ/AF)