Diálogo entre religiões em destaque num encontro na Universidade Gregoriana de Roma
O diálogo entre as grandes religiões do mundo está no oo centro do congresso comemorativo
dos 40 anos da declaração conciliar sobre as relações da Igreja com as religiões não-cristãs,
a "Nostra Aetate".
O evento reúne especialistas de todo o mundo na Universidade Pontifícia Gregoriana,
desde o passado Domingo até amanhã, em volta do tema “A Nostra Aetate hoje: reflexões
depois do seu apelo em favor de uma nova era de relações inter-religiosas".
O Presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso, D. Michael Fitzgerald,
explica que a palavra-chave do documento conciliar é “o respeito que se deve às pessoas
das outras religiões, pelas verdades contidas nas diversas tradições”.
Segundo o prelado, nestes 40 anos houve uma aplicação dessa atitude de respeito, especialmente
nas actividades dos Papas Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI.
Para D. Fitzgerald, o diálogo com as outras religiões significa também “aprofundamento
da nossa identidade cristã-católica”.
O Arcebispo destacou que há tensão entre o anúncio de Jesus Cristo e o diálogo, “mas
analisando bem, o diálogo comporta o anúncio do Evangelho porque o cristão dialoga
ou deve dialogar com a sua identidade, consciente da declaração conciliar ‘Dignitatis
humanae’ sobre a liberdade religiosa, onde se diz que cada um deve procurar a verdade,
mas seguindo a própria consciência”.
Para este responsável da Cúria Romana, os católicos “não devem ter medo do Islão e
do Judaísmo”, procurando entender aquilo que existe de bom e de santo nas outras religiões.
O Catecismo da Igreja Católica afirma que “a Igreja reconhece nas outras religiões
a busca, ainda que em sombras e sob imagens”, do Deus desconhecido, mas próximo, pois
é Ele que a todos dá vida” (n. 843).
No Concílio Vaticano II ficou explícito o reconhecimento e valorização de tudo aquilo
que é positivo nas várias religiões. O Concílio falou da presença, nessas religiões,
de “uma centelha daquela verdade que ilumina todos os homens” (Nostra aetate 2), “sementes
da Palavra” e “riquezas que Deus generoso distribui pelas pessoas” (Ad gentes 11).