Carta pastoral dos bispos de Moçambique sobre a Celebração Eucaristica
Os bispos de Moçambique acabam de publicar uma Nota pastoral sobre a Celebração Eucarística
dirigindo-se a todos os fiéis moçambicanos e evocando a Carta Apostólica«Mane
nobiscum Domine»
.
Destacam que «o grande Mistério da Eucaristia deve ser antes de tudo bem celebrado.
É preciso que a Santa Missa seja colocada no centro da vida cristã, e que cada comunidade
faça de tudo para celebrá-la decorosamente, segundo as normas estabelecidas, com a
participação do povo, e utilizando os ministros no exercício de tarefas especificamente
previstas, e com séria atenção ao que se refere à sacralidade, que deve caracterizar
o canto e a música litúrgica».
Depois do Concílio Ecuménico Vaticano II, os bispos recordam que as celebrações litúrgicas
em Moçambique tiveram novo impulso, participação mais activa e teve início um caminho
de adaptação, de inculturação litúrgica.
Como responsáveis pela Liturgia, destacam também as suas responsabilidades de Pastores
ao seguir com atenção tal crescimento, para que, da renovação da liturgia, cresça
a fé das comunidades cristãs.
Os bispos lamentam que infelizmente, em todas as dioceses, casos de abusos litúrgicos
por parte de sacerdotes e leigos, interpretações erradas da criatividade e da adequação,
são causa de sofrimento para muitos.
Tais abusos e arbítrios se verificam em celebrações litúrgicas, no uso dos paramentos
litúrgicos, na dança litúrgica, no exercício dos ministérios, na perda do sentido
do sagrado, na introdução de cantos sem sentido litúrgico, ao ignorar as normas estabelecidas.
A Nota dos Bispos de Moçambique foi publicada depois de um trabalho de análise e estudo
de alguns anos, e tem como objectivo «encorajar todos os esforços, para que os princípios
da renovação litúrgica continuem a ser devidamente aplicados e vividos nas Dioceses,
para que haja beleza e unidade celebrativa em todos os actos do culto».
A Nota prossegue com alguns aspectos das adaptações e inculturação: aquilo que se
pode adaptar e inculturar do Rito Romano, considerando a cultura moçambicana; a tradução
dos textos litúrgicos, que exige competência teológico - litúrgica, conhecimento da
língua e do texto originais e da língua em que deve ser traduzido; a música e o canto,
elementos essenciais na celebração da liturgia, que devem ser conformes ao mistério
celebrado.
Também os gestos e movimentos do corpo, que devem contribuir para embelezar a liturgia,
em torná-la esplendente por simplicidade, expressando o real sentido da liturgia,
conforme a sensibilidade cultural da região, mas sem exagerar; o uso dos paramentos
litúrgicos, que deve seguir as normas estabelecidas, seja para os presbíteros como
aqueles que desempenham um ministério.
Enfim, reitera-se que as autoridades competentes para aprovar adaptações são a Conferência
Episcopal e o bispo, na sua diocese.
Na terceira parte da Nota são apresentadas novidades sobre a Missa contidas na nova
Instrução Geral do Missal Romano. Na conclusão, os bispos agradecem aqueles que trabalham
para tornar a liturgia ainda mais viva, bela e participada.
«As Comunidades cristãs crescerão com a celebração litúrgica da Missa e com a celebração
da liturgia da Palavra de Deus». Este trabalho é certamente ingente, e requer a força
do Espírito e a colaboração de todos, mas a Igreja de Moçambique não pode recuar diante
do longo caminho de renovação e inculturação litúrgica, «para alcançar a meta que
Deus lhe deu, a celebração da Liturgia do Céu».