2005-09-26 20:11:57

SIMPÓSIO CELEBRA OS 40 ANOS DO DOCUMENTO CONCILIAR SOBRE A RENOVAÇÃO DA VIDA CONSAGRADA


Cidade do Vaticano, 26 set (RV) - Teve início na manhã desta segunda-feira, na Sala do Sínodo, do Vaticano, o Simpósio sobre a Vida Consagrada, para comemorar os 40 anos do decreto conciliar ''Perfectae Caritatis'' sobre a renovação da vida consagrada.

O simpósio, que se realiza hoje e amanhã (26 e 27), foi inaugurado por Dom Franc Rodé, Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. O Arcebispo recordou as motivações e conseqüências do documento conciliar para a renovação da vida consagrada.

Segundo ele "houve um processo radical de revisão, que levou ao abandono de posições até então consideradas seguras". Em nível teórico, até hoje permanece a discussão sobre conceitos seculares. Dom Rodé reconheceu, entretanto, que "foram feitos passos numerosos e positivos".

Esse simpósio pretende fazer uma releitura crítica do processo levado a efeito nestes 40 anos. O objetivo indicado por Dom Rodé é o de "reencontrar sinais e orientações que ajudem todos os consagrados e consagradas a ser _ como disse Bento XVI _ "testemunhas da transfigurante presença de Deus".

Ainda na manhã desta segunda-feira, também tomou a palavra o pro-teólogo da Casa Pontifícia, Cardeal Georges Cottier. Para ele, tarefa dos membros de uma família religiosa "é redescobrir o carisma genuíno inerente à intuição do fundador ou fundadora". Nesse sentido, o ensinamento conciliar convidava a reencontrar nas origens "a fonte divina da vida religiosa, a força renovadora que permanece intacta".

"A intuição dos fundadores de ordens vem de Deus _ explicou o Cardeal _ os santos são intérpretes privilegiados do carisma originário. E considerando que a fidelidade a esse carisma não deve ser uma imitação mecânica, a voz dos fundadores permanece profética, e isso diz respeito à própria natureza da Igreja."

Em seu pronunciamento, o Cardeal Cottier advertiu sobre a problemática vocacional dentro da vida religiosa. "Pode haver a tentação, frente à escassez de vocações, de acolher candidatos cujo ingresso na vida religiosa pode representar uma promoção social ou a saída de uma condição de miséria, e até mesmo para resolver problemas afetivos."

Para o pro-teólogo da Casa Pontifícia, "cada forma de renovação terá êxito, na medida em que vier acompanhada de uma renovação espiritual". Como ponto de polêmica entre os religiosos, o Cardeal citou a condição da mulher, "cujo status social sofreu mudanças muito rápidas" e afetou a pastoral vocacional nos institutos femininos.

Para o Cardeal Cottier a "ideologia feminista" acabou "invadindo o campo da fé", reivindicando, por exemplo, o "sacerdócio para as mulheres".

O Cardeal não deixou de lado o debate sobre a Teologia da libertação: segundo ele, deve-se evitar o "risco de contaminações políticas" na promoção das "vocações muito próximas aos pobres".

Concluindo, o pro-teólogo da Casa Pontifícia falou sobre as "possíveis tensões ou incompreensões entre religiosos e bispos". Ele advertiu que aqueles (religiosos e religiosas) que "se encontram em situações de fronteira" freqüentemente "podem perceber o próprio estado como uma condição de solidão ou de abandono, e alguns podem cair na tentação de se autoproclamar como profetas".

Para o Cardeal Cottier, trata-se de "atos de imprudência" e, nesse caso, "serve um diálogo aberto com os superiores", que podem e devem ajudar seus co-irmãos a obedecer espontânea e voluntariamente". (MZ)







All the contents on this site are copyrighted ©.