SIMPÓSIO CELEBRA OS 40 ANOS DO DOCUMENTO CONCILIAR SOBRE A RENOVAÇÃO DA VIDA CONSAGRADA
Cidade do Vaticano, 26 set (RV) - Teve início na manhã desta segunda-feira,
na Sala do Sínodo, do Vaticano, o Simpósio sobre a Vida Consagrada, para comemorar
os 40 anos do decreto conciliar ''Perfectae Caritatis'' sobre a renovação da vida
consagrada.
O simpósio, que se realiza hoje e amanhã (26 e 27), foi inaugurado
por Dom Franc Rodé, Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada
e as Sociedades de Vida Apostólica. O Arcebispo recordou as motivações e conseqüências
do documento conciliar para a renovação da vida consagrada.
Segundo ele "houve
um processo radical de revisão, que levou ao abandono de posições até então consideradas
seguras". Em nível teórico, até hoje permanece a discussão sobre conceitos seculares.
Dom Rodé reconheceu, entretanto, que "foram feitos passos numerosos e positivos".
Esse simpósio pretende fazer uma releitura crítica do processo levado a efeito
nestes 40 anos. O objetivo indicado por Dom Rodé é o de "reencontrar sinais e orientações
que ajudem todos os consagrados e consagradas a ser _ como disse Bento XVI _ "testemunhas
da transfigurante presença de Deus".
Ainda na manhã desta segunda-feira, também
tomou a palavra o pro-teólogo da Casa Pontifícia, Cardeal Georges Cottier. Para ele,
tarefa dos membros de uma família religiosa "é redescobrir o carisma genuíno inerente
à intuição do fundador ou fundadora". Nesse sentido, o ensinamento conciliar convidava
a reencontrar nas origens "a fonte divina da vida religiosa, a força renovadora que
permanece intacta".
"A intuição dos fundadores de ordens vem de Deus _ explicou
o Cardeal _ os santos são intérpretes privilegiados do carisma originário. E considerando
que a fidelidade a esse carisma não deve ser uma imitação mecânica, a voz dos fundadores
permanece profética, e isso diz respeito à própria natureza da Igreja."
Em
seu pronunciamento, o Cardeal Cottier advertiu sobre a problemática vocacional dentro
da vida religiosa. "Pode haver a tentação, frente à escassez de vocações, de acolher
candidatos cujo ingresso na vida religiosa pode representar uma promoção social ou
a saída de uma condição de miséria, e até mesmo para resolver problemas afetivos."
Para
o pro-teólogo da Casa Pontifícia, "cada forma de renovação terá êxito, na medida em
que vier acompanhada de uma renovação espiritual". Como ponto de polêmica entre os
religiosos, o Cardeal citou a condição da mulher, "cujo status social sofreu mudanças
muito rápidas" e afetou a pastoral vocacional nos institutos femininos.
Para
o Cardeal Cottier a "ideologia feminista" acabou "invadindo o campo da fé", reivindicando,
por exemplo, o "sacerdócio para as mulheres".
O Cardeal não deixou de lado
o debate sobre a Teologia da libertação: segundo ele, deve-se evitar o "risco de contaminações
políticas" na promoção das "vocações muito próximas aos pobres".
Concluindo,
o pro-teólogo da Casa Pontifícia falou sobre as "possíveis tensões ou incompreensões
entre religiosos e bispos". Ele advertiu que aqueles (religiosos e religiosas) que
"se encontram em situações de fronteira" freqüentemente "podem perceber o próprio
estado como uma condição de solidão ou de abandono, e alguns podem cair na tentação
de se autoproclamar como profetas".
Para o Cardeal Cottier, trata-se de "atos
de imprudência" e, nesse caso, "serve um diálogo aberto com os superiores", que podem
e devem ajudar seus co-irmãos a obedecer espontânea e voluntariamente". (MZ)