O APREÇO DO PAPA PELOS ESFORÇOS DO TEÓLOGO HANS KÜNG, EM FAVOR DOS VALORES MORAIS
Castel Gandolfo, 26 set (RV) - Bento XVI recebeu em audiência, no último sábado,
na residência pontifícia de verão, em Castel Gandolfo, o teólogo Hans Küng, suspenso
de sua cátedra de Teologia católica, por suas afirmações contrárias ao magistério
da Igreja.
O encontro realizou-se no último sábado, mas somente hoje foi divulgada
uma nota do porta-voz vaticano, Joaquín Navarro-Valls, a respeito.
O comunicado
da Sala de Imprensa da Santa Sé afirma que "o encontro realizou-se num clima amigável".
Ambos os protagonistas do colóquio concordaram sobre a inutilidade de se fazer, durante
o encontro, uma disputa acerca de questões doutrinais, afirma Navarro-Valls.
O
encontro restringiu-se, portanto, aos temas que, mais recentemente, dizem respeito
ao trabalho de Hans Küng: a questão da "Weltethos" (a ética mundial) e o diálogo
da razão das ciências naturais com a razão da fé cristã, segundo a nota da Sala de
Imprensa da Santa Sé.
O Prof. Küng sublinhou que o seu projeto de "Weltethos"
(ética mundial) não é uma construção intelectual abstrata. Esse projeto evidencia
os valores morais acerca dos quais as grandes religiões do mundo se mostram convergentes,
apesar de todas as suas diferenças, e que podem ser percebidos como critérios válidos
_ dada a racionalidade convincente de tais valores _ da razão secular.
O Papa,
por sua vez, mostrou apreço pelo esforço do Prof. Küng, em contribuir para um renovado
reconhecimento dos valores morais da humanidade, através do diálogo entre as religiões
e no encontro com as razões seculares.
Bento XVI sublinhou que o empenho por
uma renovada conscientização dos valores que são o sustentáculo da vida humana, é
um objetivo importante de seu pontificado. Ao mesmo tempo, o Santo Padre reafirmou
estar de acordo com a tentativa do Prof. Küng, de reavivar o diálogo entre a fé e
as ciências naturais, e de fazer valer, no confronto do pensamento científico, a racionalidade
e a necessidade da "Gottesfrage" (a questão acerca de Deus).
Por sua
vez, o Prof. Küng manifestou satisfação e apreço pelos esforços do Papa em favor do
diálogo entre as religiões, e também pelo encontro com os diferentes grupos sociais
do mundo moderno. (AF)