O Papa Bento XVI recebeu sábado passado o teólogo Hans Küng (Tubingen), conhecido
pelas suas posições polémicas relativamente ao ensinamento da Igreja. Segundoo comunicado
da Santa Sé hoje revelado, o Papa e Küng encontraram-se “num clima amigável” e concordaram
que, no quadro da reunião, “não faria sentido entrar numa disputa relativamente às
questões doutrinais persistentes” entre aquele teólogo e o Magistério da Igreja Católica.
O colóquio centrou-se em duas temáticas, consideradas de particular interesse para
o trabalho de Hans Küng: “a questão da ética mundial (
Weltethos
) e o diálogo da razão das ciências naturais com a razão da fé cristã”.
Aproveitando o encontro, Hans Küng sublinhou que o projecto da
Weltethos
“não é uma construção intelectual abstracta”, afirmando que o objectivo é “destacar
os valores morais sobre os quais as religiões do mundo convergem, apesar de todas
as diferenças”.
Hans Küng foi professor de teologia na Universidade Pontifícia Gregoriana, em Roma,
e em Tubingen, na Alemanha. Actualmente é Presidente da Fundação para a Ética Global.
O Papa, por seu lado, manifestou “apreço pelo esforço do Professor Küng” na procura
de um “renovado reconhecimento dos valores morais essenciais da humanidade, através
do diálogo das religiões e no encontro com a razão secular”. Bento XVI sublinhou que
o compromisso por uma renovada consciência dos valores que sustentam a vida humana
“é um objectivo importante” do seu pontificado.
O comunicado oficial adianta ainda que “o Papa reafirmou o seu acordo relativamente
á tentativa do Professor Küng de reavivar o diálogo entre fé e ciências naturais”.
Hans Küng “aplaudiu os esforços do Papa em favor do diálogo das religiões e também
relativamente ao encontro com os diversos grupos sociais do mundo moderno”.