2005-09-21 18:56:12

TEÓLOGO VALDENSE CRITICA "ATEUS DEVOTOS" QUE USAM SÍMBOLOS RELIGIOSOS PARA FAZER CARREIRA POLÍTICA


Roma, 21 set (RV) - Fulvio Ferrario, professor da Faculdade de Teologia, em Roma, é o autor de um editorial publicado pela agência de notícias das Igrejas protestantes na Itália _ a NEY _ no qual expressa o repúdio dos valdenses contra os "ateus devotos", a propósito do uso político e ideológico do crucifixo.

"O debate político e cultural italiano _ lê-se no editorial _ viu-se enriquecido recentemente por uma nova categoria de protagonistas, a dos "ateus devotos". Os ateus devotos são, portanto, ateus, não crêem em Deus, mas julgam que os "valores da religião" podem ajudar a sociedade ocidental a se defender daquilo que eles consideram como novas invasões bárbaras do terceiro mundo e, em particular, agora, do perigo islâmico. Líderes dessa corrente de pensamento são Marcello Pera, Orianna Fallaci e Giuliano Ferrara" _ afirma o Prof. Ferrario.

Um dos "cavalos de batalha dos ateus devotos", recorda Ferrario, consiste na defesa da presença do crucifixo em lugares públicos: "É um sinal da nossa tradição _ se diz _ sinal no qual nos reconhecemos crentes e não-crentes." "Dito assim _ comenta o teólogo valdense _ é um tema defendido na Itália pela Igreja Católica e, no exterior, também por diversas Igrejas protestantes."

"No pensamento dos ateus devotos, entretanto, o crucifixo, como outros símbolos cristãos, desempenha, na realidade, uma função bem menos inocente: aquela _ sublinha Ferrario _ de demarcar o nosso território, de esclarecer quem é de casa e quem é hóspede, ou seja, constitui uma bandeira. Não se trata mais da cruz de Jesus, mas da de Constantino, ou seja, o símbolo de um exército. Sobre esse ponto, considero que as Igrejas não podem estar de acordo. O crucifixo remete ao Filho de Deus, que morreu na cruz por amor, é afirmação da fé cristã. Enquanto tal, não pode ser utilizado como símbolo político."

"Não queremos abrir um processo contra a história, mas propor hoje, a cruz, como símbolo de uma cruzada _ comenta o teólogo _ é um grave abuso, e chega a ser uma blasfêmia." Daí o convite aos fiéis "a se afastarem com firmeza dos "ateus devotos": "Que não se apropriem dos símbolos que certamente não são monopólio das Igrejas, mas muito menos podem se tornar instrumentos de ideologias venenosas."

"Quando Marcello Pera lançou um proclama desse gênero durante o Meeeting de Amizade entre os Povos, de Rimini _ conclui Ferrario _ diversos bispos católicos reagiram com força: é um bom sinal no caminho para a unidade da Igreja." (MZ)







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