2005-09-19 13:04:45

Mudança de rumo nas Nações Unidas pedida pelo Cardeal Secretário de Estado Angelo Sodano,intervindo em Nova Iorque na cimeira de chefes de estado e de governo


O Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Angelo Sodano, levou até à cimeira de chefes de Estado e de Governo na ONU um pedido de mudança de rumo na acção das Nações Unidas.
“Este organismo, como qualquer realidade humana, sofreu muito desgaste no decorrer destes 60 anos. Há agora uma convicção comum de que deve renovar-se, enfrentando os grandes desafios do momento presente”, disse em Nova Iorque.
Explicando que a ONU “não é um supergoverno, mas o resultado da vontade política de cada um dos países membros”, o Cardeal Sodano classificou, em nome dos católicos de todo o mundo, as Nações Unidas “como uma instituição cada vez mais necessária para a paz e o progresso de toda a humanidade”.
A renovação, afirmou, deve oferecer a todos os povos “uma instituição moderna, capaz de proferir determinações e de fazê-las respeitar”. Nesse sentido, apelou à criação de instrumentos jurídicos internacionais para o desarmamento e para o controlo do armamento, para a luta contra o terrorismo e o crime transnacional e para a cooperação efectiva entre as Nações Unidas e os organismos regionais, a fim de resolver as situações de conflito.
“Este é um apelo importante que chega até nós por parte de homens e mulheres decepcionados por promessas feitas e não cumpridas, por resoluções adoptadas e não respeitadas”, lamentou.

Comissão para a consolidação da paz
O Cardeal Sodano revelou que a Santa Sé é favorável à criação de uma “Comissão para a consolidação da paz” para actuar em países que sofrem confrontos armados.
“É importante o compromisso que assumimos para fomentar uma cultura de prevenção dos conflitos, mas também será necessário aprofundar bem o problema do uso da força para desarmar o agressor”, apontou.
O representante católicos pediu aos Estados “a coragem de continuar os debates sobre os modos de aplicação e as consequências práticas do princípio da ‘Responsabilidade de proteger”.
A fim de se atingir algum sucesso nesta missão, o Cardeal Sodano recordou a importância dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, pedindo que os mesmos sejam assumidos como “um dever de justiça ao serviço da dignidade humana e, ao mesmo tempo, uma condição indispensável para a paz e para a segurança colectiva, inclusive a eliminação ou redução substancial do perigo do terrorismo e da criminalidade internacional”.
Este compromisso pelo desenvolvimento, no qual o Secretário de Estado do Vaticano sublinhou “vários gestos promissores” ao longo dos últimos anos, implica uma “mobilização económica e financeira solidária” e a abordagem do problema da dívida dos Países mais pobres, que a Santa Sé considera estar ainda por fazer.
Repetindo as palavras de João Paulo II na sua célebre viagem ao Chile em 1987, o Cardeal Sodano vincou que “os pobres não podem esperar”.

Contra o aborto
O discurso do representante católico foi particularmente duro no que diz respeito ao conceito de “saúde reprodutiva”, considerando que esta terminologia defende “um direito ao aborto”.
“Não seria melhor falar claramente de ‘saúde das mulheres e das crianças’?”, perguntou.
“À humanidade exposta às actuais pandemias e a outras perigosamente à espreita, às massas de seres humanos privados de acesso à saúde básica e à água potável não podemos oferecer uma visão ambígua, limitada ou, sem mais, ideológica da saúde”, advertiu o Cardeal Sodano.
Aos governos dos países em vias de desenvolvimento, o Secretário de Estado do Vaticano exigiu o compromisso sério “de combater a corrupção, garantir a legalidade e, sobretudo, de comprometer-se nos aspectos sociais do desenvolvimento”.







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