NÚNCIO APOSTÓLICO EM RUANDA FALA DO MISSIONÁRIO BELGA PRESO NO PAÍS
Kigali (Ruanda), 15 set (RV) - Continua ainda na prisão de Kigali o Padre Guy
Theunis, missionário belga preso na terça-feira, 6 de setembro, na capital ruandesa,
com a acusação de ter incitado o genocídio de 1994.
O Superior-geral dos Missionários
da África _ mais conhecidos como "Padres Brancos" _ informou, numa entrevista à MISNA,
que o confrade "está física e mentalmente bem". No momento, a polícia de Kigali está
redigindo o dossiê sobre o Padre Theunis, pois a justiça da cidade deverá fixar uma
audiência. O religioso pode ser condenado à morte.
Sobre este assunto, a Rádio
Vaticano entrevistou o Núncio Apostólico em Ruanda, Dom Anselmo Guido Pecorari: "A
prisão do missionário é certamente um sinal de preocupação para a Nunciatura, porque
setrata do primeiro missionário que é preso e incriminado deste modo. Isso pode ter
conseqüências, e esperamos que não sejam negativas nas relações entre a Igreja e o
Estado, porque não se submete a um inquérito, a meu ver, uma pessoa, mas há o perigo
de se levantar suspeita sobre toda a atividade dos missionários".
Qual é a
posição da Igreja ruandesa sobre as acusações de incitamento do genocídio atribuídas
ao missionário?
D. PECORARI:- "A Igreja e a Conferência Episcopal Ruandesa
fizeram uma declaração de defesa e de apoio ao Padre Theunis, expressando, ao mesmo
tempo, o desejo de que esta ação não traga conseqüências para o caminho de reconciliação
e de unidade nacional, que a Igreja está apoiando."
Qual é o compromisso da
Igreja ruandesa neste pós-genocídio?
D. PECORARI:- "O primeiro compromisso
é o da reconciliação, que foi explicitado por meio de sínodos diocesanos realizados
em 2000 e 2001 e, depois, há um compromisso de reconciliação dentro das diferentes
comunidades, paróquias, missões e dioceses. Não é um compromisso de caráter político
ou partidário." (MZ)