Lima, 03 set (RV) - O Sendero Luminoso, um dos grupos guerrilheiros mais violentos
das últimas décadas na América Latina, voltou a atuar no Peru. Numa entrevista ao
jornal italiano "La Repubblica", um homem que disse ser o líder rebelde no Vale do
Huallaga, assegurou que o grupo Sendero Luminoso reiniciou a luta armada.
O
"camarada Artemio", cuja identidade é desconhecida, disse ao jornal que o grupo volta
com o objetivo de exigir do governo peruano, uma saída negociada para os problemas
derivados do conflito interno. E fez uma ameaça: retomarão as ações, se o governo
se negar a dialogar.
Na entrevista, Artemio afirmou que os integrantes do grupo
pediram ao governo, anistia para os "prisioneiros políticos e de guerra", para os
"inocentes encarcerados", além de solução para os casos de desaparecidos, exilados
e as vítimas da violência no país.
O Sendero Luminoso é um dos grupos guerrilheiros
mais violentos das últimas décadas na América Latina. Em 2002, foi responsável pela
morte de 10 pessoas, quando detonou um carro-bomba em Lima, perto da embaixada dos
Estados Unidos. Em 2003 os guerrilheiros seqüestraram 71 trabalhadores de uma empresa
argentina na selva peruana, libertando-os horas depois.
O grupo viveu seu apogeu
entre 1980 e início da década de 1990, e sua luta, paralela à da guerrilha do Movimento
Revolucionário Tupac Amaru (MRTA), deixou aproximadamente 69 mil mortos e desaparecidos,
segundo dados oficiais.
A violência política causou cerca de 70 mil mortes
nas últimas duas décadas e o Sendero Luminoso foi responsabilizado por 54% das vítimas.
O grupo ficou dizimado com prisão de seus principais dirigentes nacionais, incluindo
o líder Abimael Guzmán. (MZ)