2005-09-02 18:21:01

Igreja Mexicana em hora de visita "ad limina Apostolorum"


Bento XVI começou a receber, a partir de quinta-feira, 1 de Setembro, os primeiros grupos de Bispos mexicanos, que deram assim início à respectiva visita “ad limina Apostolorum”. Os prelados mexicanos constituem o primeiro colégio episcopal de uma nação a realizar – com o novo Papa - esta visita à sede de Pedro.
A última visita "ad limina" dos Bispos do México, no pontificado de João Paulo II, remonta a 1994. O Papa Wojtyla deslocou-se ao México cinco vezes. A prima, logo no início da sua missão papal, foi em 1979. Ficaram indeléveis na memória de todos os seus vibrantes discursos em Puebla, que orientaram as sucessivas opções da Igreja local, dando-lhe aquele impulso vigoroso de que tinha necessidade para emergir de uma situação de certa resignação em que circunstâncias históricas que vinham de longe a tinham mergulhado.

Se a fé em Cristo da população mexica remonta aos tempos da chegada dos espanhóis àquelas terras, a história das relações Igreja-Estado nos últimos duzentos anos está marcada por perseguições e mártires, um certo número dos quais foram canonizados por João Paulo II no grande Jubileu do ano 2000.
Uma data importante é o ano de 1821, quando o México se tornou independente da Espanha. Embora se tratasse de uma conquista comum dos ambientes laicais e católicos, a verdade é que os revolucionários liberais, marcados pelo anticlericalismo da época, tudo fez para subtrair a nova nação à influência da Igreja.

Foi em 1917 que esta fractura, que vinha de há muito, se tornou um facto consumado, uma realidade de profunda laceração. O México dotou-se então de uma Constituição profundamente hostil ao cristianismo e à religião em geral. Bispos, padres, religiosas e seminaristas foram privados dos direitos civis e negou-se aos católicos qualquer direito de ensino e de imprensa. A reacção dos católicos a estas restrições opressivas foi abafada no sangue. Foi sobretudo em 1926 que jovens, operários e estudantes se coligaram numa rebelião que se transformou num trágico conflito. A chamada Guerra dos “cristeros” levou então o Papa Pio XI, na Encíclica Iniquis et afflictisque a denunciar a “terrível situação” com que se confrontavam os católicos mexicanos. Três anos mais tarde, governo e Santa Sé chegam a um acordo, mas entretanto os mortos contavam-se já aos milhares, também nas fileiras da Igreja, constrangida a viver na dependência da mera benevolência das autoridades, mas sem garantias legais.

Meio século mais tarde, a tomada de posição de João Paulo II, eleito poucos meses antes, leva o episcopado latino-americano reunido em Puebla a aplicar a renovação do Vaticano II e, mais em geral, a relançar a missão dos cristãos no mundo. Após décadas de adversidades e limitações, chegava a hora de a Igreja mexicana fazer ouvir a sua voz sobre os problemas sociais da nação, a braços com uma grave crise económica e financeira. Foi um início que levou a Igreja e o Estado a concordarem numa reforma constitucional, em 1991, reconhecendo à Igreja os direitos negados ao longo de mais de 100 anos. Uma maior liberdade de acção, embora com algumas restrições ainda, permitiu finalmente – e permite agora – à Igreja mexicana empenhar-se sobretudo naquelas zonas de secular pobreza social e individual que são o produto característico dos países confrontados ao mesmo tempo com o desenvolvimento e com uma grave miséria de fundo.

Crise da família, do mundo juvenir e imigração – são as questões principais para as quais a Igreja local tem orientado o seus planos pastorais. Além disso, entres os seus 97 mihlões de habitantes – 90 % dos quais católicos – o México regista hoje em dia um incremento da indiferença religiosa, que se reflecte na diminuição das vocações sacerdotais e religiosas na difusão das seitas religiosas, fenómeno comum a toda a América Latina.
Como afirmava, em 1990, precisamente no México, João Paulo II, “ a Igreja olha com sólida confiança para a cultura mexicana, assim como para a cultura de toda a América Latina. Os valores humanos e cristãos presentes neste continente estão chamados a libertar todo o seu potencial de civiliação que ainda não se manifestou plenamente”.









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