NO QUÊNIA, MISSIONÁRIA LEVA CENTENAS DE MENINAS A SUBSTITUIR O RITO DA CIRCUNCISÃO
PELA CRISMA
Nairóbi, 29 ago (RV) - Elas não podem chorar, nem se lamentar. Para ser respeitadas
pela comunidade local, devem aceitar as perseguições, humilhações e reclusões: tudo
isso faz parte de um rito de iniciação. Na língua da tribo de Mulot, no Quênia, esse
rito se chama "kipsiguis"; o termo significa "nascer de novo" e consiste na prática
da circuncisão feminina.
Graças a uma missionária mexicana, Ir. Maria de los
Angeles Vasquez, da Congregação das Missionárias Catequistas, presente no Quênia desde
1985, centenas de meninas conseguiram escapar desse ritual bárbaro e substituí-lo
com o Sacramento da Crisma.
A notícia foi divulgada no recente "Meeting de
amizade entre os povos", de Rimini, Itália, quando a religiosa apresentou uma reflexão
intitulada "Solidariedade e cooperação nas grandes crises humanitárias: o futuro da
infância".
A missionária mexicana explicou que muitas meninas, mesmo não querendo
submeter-se à circuncisão, acabavam cedendo, por medo de não serem aceitas pela tribo.
Daí a idéia de propor a Crisma como rito de passagem para a sociedade adulta.
No
dia 16 de dezembro de 1995, pela primeira vez, um grupo de moças aceitou o "novo rito".
E, desde então, no 1° de janeiro de cada ano, a celebração é realizada com um número
sempre maior de jovens mulheres.
A circuncisão feminina permanece ainda como
uma das práticas mais difundidas no Quênia. Segundo um dossier publicado pela agência
missionária de notícias _ FIDES _ 50% da população feminina do Quênia foi submetida
a essa prática. O fenômeno diz respeito, em particular, à África subsaariana, mas
atinge também alguns países árabes, como o Egito e o Iêmen.
Segundo estimativas
difundidas pela Organização Mundial da Saúde, a ONU e o UNICEF (Fundo das NN.UU. para
a Infância), pelo menos 130 milhões de meninas (3 milhões por ano), são submetidas
à infibulação (que é ainda mais devastadora do que a circuncisão). O triste primado
toca à Somália, onde a mutilação atinge 98% das mulheres. (MZ)