Angola: projecto de luta contra a SIDA e combate á discriminação dos seropositivos
O Governo angolano tem em marcha um projecto de luta contra a sida que aposta no combate
à discriminação dos seropositivos, promovendo a sua auto-estima e garantindo-lhes
igualdade de direitos. A ideia é tentar controlar a propagação da doença e sensibilizar
os mais novos.
O problema da sida existe, as pessoas seropositivas existem e o que queremos é que
tenham os mesmos direitos que as outras”, afirmou o secretário-geral do Fórum Juvenil
de Apoio à Saúde (Foja), Nelson Pedro. Aquela organização não-governamental angolana
está a desenvolver desde 2002 um programa que visa promover a auto-estima e o bem-estar
dos seropositivos no município do Cazenga, o mais populoso de Luanda. O nível de prevalência
da sida na população angolana é o mais baixo da África Austral, mas a discriminação
afecta os seropositivos, exigindo um esforço de sensibilização para a mudança de comportamentos.
O programa está a ser implementado “no seio das comunidades”, privilegiando mercados,
escolas, igrejas e empresas. “A ideia é tentar controlar a propagação da sida no futuro,
evitando o crescimento rápido actual”, referiu
Nelson Pedro, à margem de uma conferência que reuniu em Luanda 60 organizações não-governamentais
com vista à elaboração de um plano de acção concertado. A reunião surgiu depois de
o Fundo Global ter disponibilizado cerca de 25 milhões de dólares para ajudar o Governo
angolano na implementação do Plano Estratégico Nacional de Luta contra a Sida.
Acções de formação para elaboração de projectos, criação de uma comissão técnica de
apoio na apresentação das propostas a financiar e institucionalização de um fundo
para apoiar entidades no desenvolvimento das suas iniciativas foram algumas das medidas
defendidas no encontro.
Dados oficiais revelam que Angola tem o índice de prevalência de sida mais baixo da
África Austral, estimando-se que cinco por cento da população esteja infectada. Até
Fevereiro, as autoridades sanitárias angolanas tinham registado 2.871 casos de sida
no país. A maioria dos portadores do vírus em Angola é do sexo feminino. As transfusões
de sangue, o uso de material não esterilizado e a transmissão de mãe para filho são
as principais causas da infecção em Angola.