Colônia, 19 ago (RV) - A visita de Bento XVI à Sinagoga de Colônia caracteriza
este segundo dia da visita do Papa à Alemanha, para o XX Dia Mundial da Juventude.
Depois
dos intensos momentos de ontem, na cerimônia de boas-vindas ao Santo Padre, prossegue
a visita de Bento XVI à Alemanha. Nesta sexta-feira, o Papa presidiu à santa missa,
em caráter privado, no Arcebispado de Colônia. A seguir, foi para Bonn, onde realizou
uma visita de cortesia ao Presidente da República Federal da Alemanha, Horst Kohler.
Logo depois, retornou a Colônia, para uma visita à Sinagoga da cidade.
A Sinagoga
de Colônia é um dos locais mais significativos da cidade. O local foi destruído na
famosa "Noite dos cristais", ou seja, a ação perpetrada pelos nazistas, na noite de
9 para 10 de novembro de 1938. Numerosos edifícios judeus foram destruídos e a Sinagoga,
incendiada. A Sinagoga foi reconstruída em 1959, com a ajuda da comunidade cristã.
Em
seu discurso, logo no início, Bento XVI confirmou sua intenção de continuar o caminho
rumo o aperfeiçoamento das relações e da amizade com o povo judeu. Caminho no qual
João Paulo II deu passos decisivos.
A comunidade judaica, afirmou o Papa, em
Colônia, pode realmente se sentir "em casa". De fato, na cidade se encontra a sede
mais antiga de uma comunidade judaica em território alemão.
Entretanto, a história
das relações entre as comunidades judaica e cristã é complexa e muitas vezes dolorosa.
Houve a expulsão dos judeus de Colônia, no ano 1424, mas foi no século XX, que se
deu a página mais obscura da história da Alemanha e da Europa.
Uma insensata
ideologia racista, de matriz neopagã, foi a origem da tentativa de exterminar o Judaísmo
europeu. Naquele momento, disse o Papa, não se reconhecia mais a santidade de Deus
e por isso se oprimia também a sacralidade da vida humana.
O Papa recordou
que, este ano, celebram-se os 60 anos da libertação dos campos de concentração nazistas
e também os 40 anos da promulgação da Declaração "Nostra Aetate", do Concílio Vaticano
II. Esse documento, afirmou o Santo Padre, abriu novas perspectivas nas relações entre
as duas comunidades: perspectivas de diálogo e de solidariedade.
Bento XVI
evocou o rico patrimônio espiritual e as raízes comuns a judeus e cristãos: Abraão,
o pai na fé, Moisés e os profetas. As duas comunidades, portanto, reconhecem que Deus
nos criou, todos "à Sua imagem", honrando-nos com uma dignidade transcendente.
É
justamente com base nessa dignidade comum a todos, que a Igreja Católica condena,
como contrária à vontade de Cristo, qualquer discriminação entre os homens ou perseguições
feitas por motivos de raça ou de cor, de condição social ou de religião.
A
Igreja Católica está consciente do dever de transmitir essa doutrina às novas gerações,
que não testemunharam as atrocidades _ antes e durante a II Guerra Mundial _ principalmente
neste momento, em que se manifestam várias formas de hostilidades contra os estrangeiros.
Bento
XVI reiterou que a Igreja Católica se compromete em defesa da tolerância, do respeito,
da amizade e da paz entre todos os povos, culturas e religiões.
Por fim, o
Papa pediu que não se olhe somente para o passado, mas também para as tarefas de hoje
e de amanhã. Nessa perspectiva, judeus e católicos devem trabalhar juntos, no plano
prático, pela defesa e promoção dos direitos humanos e pela justiça social.
Nesse
sentido, o decálogo é para nós _ sublinhou o Papa _ patrimônio e compromisso comum.
Os Dez mandamentos não são um peso, mas sim uma indicação do caminho rumo à vida plena.
Os
adultos têm _ diante dos jovens _ a responsabilidade de passar a chama da esperança
que Deus entregou aos judeus e aos cristãos, para que "nunca mais" as forças do mal
dominem e as gerações futuras, com a ajuda de Deus, possam construir um mundo mais
justo e pacífico _ concluiu o Papa. (BF)