2005-08-19 17:28:31

A VISITA DE BENTO XVI À SINAGOGA DE COLÔNIA


Colônia, 19 ago (RV) - A visita de Bento XVI à Sinagoga de Colônia caracteriza este segundo dia da visita do Papa à Alemanha, para o XX Dia Mundial da Juventude.

Depois dos intensos momentos de ontem, na cerimônia de boas-vindas ao Santo Padre, prossegue a visita de Bento XVI à Alemanha. Nesta sexta-feira, o Papa presidiu à santa missa, em caráter privado, no Arcebispado de Colônia. A seguir, foi para Bonn, onde realizou uma visita de cortesia ao Presidente da República Federal da Alemanha, Horst Kohler. Logo depois, retornou a Colônia, para uma visita à Sinagoga da cidade.

A Sinagoga de Colônia é um dos locais mais significativos da cidade. O local foi destruído na famosa "Noite dos cristais", ou seja, a ação perpetrada pelos nazistas, na noite de 9 para 10 de novembro de 1938. Numerosos edifícios judeus foram destruídos e a Sinagoga, incendiada. A Sinagoga foi reconstruída em 1959, com a ajuda da comunidade cristã.

Em seu discurso, logo no início, Bento XVI confirmou sua intenção de continuar o caminho rumo o aperfeiçoamento das relações e da amizade com o povo judeu. Caminho no qual João Paulo II deu passos decisivos.

A comunidade judaica, afirmou o Papa, em Colônia, pode realmente se sentir "em casa". De fato, na cidade se encontra a sede mais antiga de uma comunidade judaica em território alemão.

Entretanto, a história das relações entre as comunidades judaica e cristã é complexa e muitas vezes dolorosa. Houve a expulsão dos judeus de Colônia, no ano 1424, mas foi no século XX, que se deu a página mais obscura da história da Alemanha e da Europa.

Uma insensata ideologia racista, de matriz neopagã, foi a origem da tentativa de exterminar o Judaísmo europeu. Naquele momento, disse o Papa, não se reconhecia mais a santidade de Deus e por isso se oprimia também a sacralidade da vida humana.

O Papa recordou que, este ano, celebram-se os 60 anos da libertação dos campos de concentração nazistas e também os 40 anos da promulgação da Declaração "Nostra Aetate", do Concílio Vaticano II. Esse documento, afirmou o Santo Padre, abriu novas perspectivas nas relações entre as duas comunidades: perspectivas de diálogo e de solidariedade.

Bento XVI evocou o rico patrimônio espiritual e as raízes comuns a judeus e cristãos: Abraão, o pai na fé, Moisés e os profetas. As duas comunidades, portanto, reconhecem que Deus nos criou, todos "à Sua imagem", honrando-nos com uma dignidade transcendente.

É justamente com base nessa dignidade comum a todos, que a Igreja Católica condena, como contrária à vontade de Cristo, qualquer discriminação entre os homens ou perseguições feitas por motivos de raça ou de cor, de condição social ou de religião.

A Igreja Católica está consciente do dever de transmitir essa doutrina às novas gerações, que não testemunharam as atrocidades _ antes e durante a II Guerra Mundial _ principalmente neste momento, em que se manifestam várias formas de hostilidades contra os estrangeiros.

Bento XVI reiterou que a Igreja Católica se compromete em defesa da tolerância, do respeito, da amizade e da paz entre todos os povos, culturas e religiões.

Por fim, o Papa pediu que não se olhe somente para o passado, mas também para as tarefas de hoje e de amanhã. Nessa perspectiva, judeus e católicos devem trabalhar juntos, no plano prático, pela defesa e promoção dos direitos humanos e pela justiça social.

Nesse sentido, o decálogo é para nós _ sublinhou o Papa _ patrimônio e compromisso comum. Os Dez mandamentos não são um peso, mas sim uma indicação do caminho rumo à vida plena.

Os adultos têm _ diante dos jovens _ a responsabilidade de passar a chama da esperança que Deus entregou aos judeus e aos cristãos, para que "nunca mais" as forças do mal dominem e as gerações futuras, com a ajuda de Deus, possam construir um mundo mais justo e pacífico _ concluiu o Papa. (BF)







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