Na visita á Sinagoga de Colonia Bento XVI condena Holocausto, novos sinais de anti-semitismo
e as varias formas de hostilidade generalizada para com os estrangeiros.
A firme intenção de continuar a melhorar as relações e a amizade com o povo hebreu,
na esteira dos decisivos passos dados por João Paulo II, foi solenemente reafirmada
por Bento XVI, no discurso pronunciado na sinagoga de Colónia, nesta sexta-feira,
ao meio dia. Num tempo em que “infelizmente emergem de novo sinais de anti-semitismo
e se manifestam várias formas de hostilidade generalizada para com os estrangeiros”,
“a Igreja católica compromete-se a favor da tolerância, do respeito, da amizade e
da paz entre todos os povos, culturas e religiões”.
Directa e forte a referência à Shoà, o Holocausto dos Hebreus – “tentativa, da parte
de uma louca ideologia racista, de matriz neopagã, de exterminar o hebraísmo europeu”
– “crime inaudito e até àquele momento inimaginável”. “Já não se reconhecia a santidade
de Deus e por isso se espezinhava a sacralidade da vida humana”.
Bento XVI evocou a mensagem do seu predecessor, em Janeiro passado, por ocasião dos
60 anos da libertação do campo do concentramento de Auschwitz, em que João Paulo II
advertia que aqueles terríveis acontecimentos devem “incesssantemente despertar as
consciências, eliminar os conflitos, exortar à paz”.
Recordando os quarenta anos da Declaração “Nostra aetate”, “que abriu novas perspectivas
nas relações hebraico-cristãs sob o signo do diálogo e da solidariedade”, o Papa sublinhou
que este documento do Concílio Vaticano II “recorda as raízes comuns e o riquíssimo
património espiritual que os hebreus e os cristãos partilham”. Como afirmou João Paulo
II em 1980, referindo-se, num encontro com uma delegação hebraica, precisamente na
Alemanha, à raiz hebraica do cristianismo, “quem encontra Jesus Cristo encontra o
hebraísmo”.
Justamente aquela Declaração conciliar “deplora os ódios, as perseguições e todas
as manifestações de anti-semitismo contra os Hebreus, em qualquer tempo e da parte
de quem quer que seja”. Diante de Deus todos os homens têm a mesma dignidade, qualquer
que seja o seu povo, cultura ou religião. Por isso, o Documento do Concílio fala também
com grande estima dos muçulmanos e dos que pertencem a outras religiões – observou
Bento XVI, que assegurou que a Igreja Católica tem bem “consciência do dever de transmitir
esta doutrina às novas gerações”. “Responsabilidade especialmente importante hoje
em dia, quando emergem de novo sinais de anti-semitismo e se manifestam várias formas
de hostilidade generalizada em relação aos estrangeiros”.
O Papa fez questão de assegurar que “a Igreja católica se empenha a favor da tolerância,
do respeito, da amizade e da paz entre todos os povos, culturas e religiões”.
Bento XVI congratulou-se com o muito que se tem feito, nestes 40 anos, para melhorar
e aprofundar as relações entre hebreus e cristãos, mas reconheceu que muito há ainda
a fazer, encorajando portanto o prosseguir de “um diálogo sincero e confiante entre
hebreus e cristãos”, que “não deve ignorar nem minimizar as diferenças existentes”:
“mesmo nas coisas em que, por causa da nossa íntima convicção de fé, nos distinguimos
uns dos outros, precisamente nessas coisas, nos devemos respeitar reciprocamente”
- insistiu.
A concluir, Bento XVI convidou a comunidade hebraica a não limitar o olhar só ao passado,
dirigindo também a atenção “ao futuro, para as tarefas de hoje e de amanhã”: “O nosso
rico património comum e a nossa relação fraterna inspirada numa confiança crescente
obrigam-nos a dar – juntos - um testemunho ainda mais concorde, colaborando concretamente
na defesa e promoção dos direito do homem e da sacralidade da vida humana, pelos valores
da família, pela justiça social e pela paz no mundo".
O Rabino Teitelbaum disse ao Papa que a visita de hoje “é um passo rumo à paz entre
todos os povos do mundo e um símbolo de que a Igreja Católica mudou a sua atitude
nas relações com os judeus, desencorajando qualquer forma de anti-semitismo”.
Após sair da Sinagoga, o Papa regressou à sede da Arquidiocese de Colónia, para um
almoço com jovens dos 5 continentes.