Audiência geral em Castelgandolfo: Bento XVI manifesta a sua tristeza pelo assassinato
do Irmão Roger.Referindo-se á JMJ de Colonia assegurou que conta com os jovens
A notícia da morte violenta de que foi vítima, nesta terça-feira, à noite, o Irmão
Roger Schutz, fundador da Comunidade de Taizé, foi comentada de maneira muito pessoal
e sentida pelo Papa, em palavras improvisadas, na audiência-geral desta quarta-feira,
no pátio interior do palácio de Castelgandolfo, na véspera da sua partida para Colónia.
Na sua catequese, o Papa tinha comentado o Salmo 125, em que Deus é apresentado como
nossa alegria e nossa esperança: “Os que semeiam em lágrimas, recolhem em alegria.
À ida, vão a chorar, levando as sementes; à volta, vêm a cantar, trazendo molhos de
espigas”.
Esta certeza e esta esperança, aplicou-a Bento XVI ao profundo pesar pela “triste
e terrível notícia” da morte do Irmão Roger:
“Neste momento de tristeza – afirmou o Papa, improvisando - o que podemos fazer é
confiar à bondade do Senhor a alma deste seu fiel servidor e sabemos que da tristeza,
como ouvimos agora, renascerá a alegria; que ele está nas mãos da bondade eterna e
do amor eterno, chegado à eterna alegria. E ele nos adverte que há que sermos fiéis
trabalhadores na vinha do Senhor, sempre, mesmo em situações tristes, na certeza de
que o Senhor nos acompanha e nos dá a sua alegria”.
Bento XVI referiu ter recebido ontem mesmo do Irmão Roger uma carta “muito comovente,
muito amiga, em que referia que se encontrava de todo o coração com o Papa, e com
todos os que se encontram em Colónia, explicando que as suas condições de saúde não
lhe permitiam, infelizmente, deslocar-se ali, mas assegurando que estaria espiritualmente
presente, com os seus irmãos que para ali partiram.
No final desta carta a Bento XVI – confidenciou o próprio Papa – Roger Schutz exprimia
a sua intenção de se deslocar a Roma para um encontro pessoal e para dizer que “toda
a comunidade de Taizé tem a intenção de caminhar juntamente com o Papa”.
Comentando, na sua catequese, o Salmo 125, Bento XVI observou que este surgiu no
contexto do regresso do povo hebraico a Jerusalém, depois do cativeiro de Babilónia,
tornando-se assim “uma oração do povo de Deus no seu itinerário histórico, insidiado
de perigos e de provações, mas sempre aberto à confiança em Deus Salvador e Libertador,
apoio dos débeis e dos oprimidos”.
Este Salmo exprime uma “grande lição sobre o mistério de fecundidade e de vida que
pode conter o sofrimento. Precisamente como tinha dito Jesus na véspera da sua paixão
e morte: ‘Se o grão caído na terra não morre, permanece só; mas se morre, produz muito
fruto”. “É o que S. Paulo recordava aos Gálatas: ‘Quem semeia no Espírito, do Espírito
recolherá vida eterna. E não nos cansemos de fazer o bem; se de facto não desistirmos,
a seu tempo recolheremos”.
Presentes em Castelgandolfo, nesta audiência-geral, um consistente grupo de peregrinos
portugueses, que o Papa saudou na nossa língua:
“Uma saudação cordial aos peregrinos de língua portuguesa, nomeadamente ao coro polifónico
da Cruz e ao grupo folclórico de São Luís, com votos de serem por todo o lado zelosos
mensageiros e testemunhas da fé que vieram afirmar e consolidar nesta romagem, que
desejo rica de graças e consolações celestes para todos”.
Bento XVI disse esta manhã, poucas horas antes de partir para a XX Jornada Mundial
da Juventude, que conta com os jovens e o seu compromisso para renovar a Igreja.
“Peço a todos que me acompanhem com a oração na peregrinação apostólica que iniciarei
amanhã para participar, em Colónia, na Jornada Mundial da Juventude. Trata-se de um
importante encontro eclesial que todos esperamos que venha a dar frutos espirituais
para toda a Igreja, que conta muito com o compromisso e o testemunho evangélico dos
jovens”, afirmou na audiência geral.
Bento XVI mostrou-se algo distraído no final do encontro com os peregrinos, esquecendo-se
de dar a bênção e de saudar os peregrinos italianos. Como tal, o Papa regressou à
janela da residência pontifícia de verão, após ter entrado no palácio, para pedir
desculpas aos italianos presentes.
“Vê-se que já estou em Colónia”, gracejou.