2005-08-01 13:50:23

Irão retoma programa nuclear: europeus apoiarão recurso ao Conselho de Segurança


O Irão prepara-se para retomar a partir de hoje as suas actividades de conversão de urânio, após ter feito um ultimato à Europa para que esta apresente as suas propostas de cooperação. O reinicio das actividades nucleares arruinaria o processo de negociações entre Teerão e a UE, para pôr fim ao programa nuclear iraniano.
Na semana passada, Khatami já garantira que o Irão iria retomar a conversão de urânio, quaisquer que fossem as propostas de cooperação europeias. Pouco após a sua vitória nas presidenciais do mês passado, o seu sucessor Mahmud Ahmadinejad, que entra em funções no próximo dia 3, afirmou que pretende continuar com o programa nuclear.
Perante o endurecimento da posição iraniana, o Reino Unido, na presidência da UE, considerou que o reinicio da actividade nuclear constituiria "um passo inútil e prejudicial" que tornaria "muito difícil a continuação das negociações", numa altura em que a Europa se preparava para apresentar "propostas de cooperação detalhadas".
Os europeus pretendiam apresentar as suas propostas de colaboração nuclear, comercial e política no dia 7, após a tomada de posse de Ahmadinejad. Mas Teerão reagiu mal ao facto de estas propostas não reconhecerem, de acordo com informações que chegaram ao seu conhecimento, o direito de o Irão enriquecer urânio para fins civis e insistiram que fossem apresentadas até a 1 de Agosto (hoje).
Os países europeus já haviam alertado que apoiariam o recurso ao Conselho de Segurança da ONU contra o Irão - exigido há meses pelos EUA que acusam Teerão de estar a desenvolver a bomba atómica - caso os iranianos reiniciassem o seu programa nuclear
Caso o Irão recuse pôr fim ao seu programa nuclear, a ONU poderá aplicar sanções, como um embargo à venda de armas, o fim da cooperação nuclear ou menor investimento no petróleo e gás. Este é apenas um cenário hipotético, recordava ontem a BBC, uma vez que estará sujeito à aprovação da China e da Rússia, com poder de veto no Conselho de Segurança. Pequim importa grandes quantidades de petróleo iraniano e Moscovo está empenhada na construção de uma central nuclear no Irão. O reinicio do programa nuclear iraniano aumenta ainda a possibilidade de uma operação militar contra o país por parte de Israel ou dos EUA, estes últimos não tendo afastado totalmente esta hipótese.
Os europeus pretendem que o Irão renuncie definitivamente ao enriquecimento de urânio e às actividades de conversão, como garantia de que não irá fabricar a bomba nuclear. Teerão garante querer enriquecer urânio apenas para fins civis. Mas, altamente enriquecido, o urânio pode ser usado na construção da bomba atómica. Enquanto os iranianos garantem que converter não é enriquecer, os europeus contrapõem que basta um passo para passar de uma actividade à outra.
Em Novembro de 2004, Teerão aceitara suspender todas as actividades nucleares, mas recusara uma renúncia definitiva e avisara que, mais tarde ou mais cedo, iria retomar as suas actividades de enriquecimento. Ontem, Teerão sublinhou, contudo, a sua vontade de prosseguir as negociações, após a retomada das actividades de conversão de urânio.







All the contents on this site are copyrighted ©.