Europa e terrorismo nas palavras do Papa ao Angelus deste domingo
“O contributo que o cristianismo deu e continua a oferecer à construção da Europa”
foi recordado com vigor por Bento XVI, neste domingo ao meio-dia, por ocasião da recitação
das Ave-Marias, em Les Combes, de Vale de Aosta, nos Alpes italianos, onde se encontra
num período de repouso estivo. O Papa convidou os milhares de pessoas presentes -
e todos os que o seguiam através da Rádio e da televisão – a rezar “para que as novas
gerações, recebendo de Cristo a sua linfa vital, saibam ser nas sociedades europeias
fermento de um renovado humanismo”. Não faltou também uma alusão aos “execrandos actos
terroristas” dos últimos dias: Bento XVI exortou a “invocar o Omnipotente para que
detenha a mão assassina... e converta os corações a pensamentos de reconciliação e
de paz”.
Ponto de partida para as palavras do Papa foi a celebração, nestes dias, de diversos
santos profundamente ligados à história da Europa: São Tiago (segunda, dia 25), padroeiro
de Espanha, cujo túmulo, em Compostela, é desde há tantos séculos meta de peregrinações
de todo o continente; Santa Brígida da Suécia, patrono da Europa, ontem comemorada;
e ainda S. Bento, outro grande patrono do “velho continente”, celebrado no passado
dia 11.
Meditando sobre “o contributo que o cristianismo deu e continua a aferecer à construção
da Europa”, Bento XVI evocou uma intervenção do seu predecessor João Paulo II, em
1982, em Santiago de Compostela, quando afirmava: “Eu, Bispo de Roma e Pastor da Igreja
universal, daqui te dirijo, ó velha Europa, um grito cheio de amor: “Volta a ti mesma,
sê tu mesma! Descobre as tuas origens. Reaviva as tuas raízes. Revive aqueles valores
autênticos que fizeram gloriosa a tua história e benéfica a tua presença no meio dos
outros continentes”.
Sublinhando que o seu antecessor sempre auspiciou “uma Europa sem fronteiras, que
não renegue as suas raízes cristãs sobre as quais surgiu e (que) não renuncie ao autêntico
humanismo do Evangelho de Cristo”, Bento XVI observou que tal apelo permanece “bem
actual, à luz dos recentes acontecimentos do continente europeu. Recordando a sua
próxima peregrinação a outra célebre catedral europeia, de Colónia, para participar
na XX Jornada Mundial da Juventude, o Santo Padre exortou à oração:
“Rezemos para que as novas gerações, recebendo de Cristo a sua linfa vital, saibam
ser nas sociedades europeias fermento de um renovado humanismo, no qual fé e razão
contribuam - em diálogo fecundo – para a promoção do homem e para a edificação da
paz autêntica”.
Foi depois da recitação do Angelus que Bento XVI se refeniu às “trágicas notícias
de execrandos atentados terroristas que causaram morte, destruição e sofrimento em
vários países como o Egipto, a Turquia, o Iraque, a Grã-Bretanha”. “Ao mesmo tempo
que confiamos à bondade divina os defuntos, os feridos e os seus entes queridos, vítimas
desses gestos que ofendem a Deus e ao homem – afirmou o Papa - invoquemos o Omnipotente
para que detenha a mão assassina daqueles que, movidos pelo fanatismo e pelo ódio,
os cometeram e converta os seus corações a pensamentos de reconciliação e de paz”.