Angelus do Papa em Les Combes: férias, tempo para redescobrir a natureza e falar
com Deus
No mundo em que vivemos torna-se quase uma necessidade poder retemperar-se no corpo
e no espírito.
Bento XVI explicou com estas palavras simples a sua decisão de passar algumas semanas
em Valle d’Aosta, nos Alpes italianos seguindo o exemplo de João Paulo II, com uma
pausa verdadeiramente providencial depois dos primeiros meses do exigente serviço
pastoral ao qual foi chamado pelos cardeais a 19 de Abril passado. Uma necessidade,
como explicou o Papa, advertida especialmente por quem vive nas cidades, onde as condições
de vida muitas vezes frenéticas, deixam pouco espaço ao silencio, á reflexão e ao
contacto com a natureza.
Para Bento XVI as férias são além disso dias nos quais nos podemos dedicar mais demoradamente
á oração, á leitura e á meditação sobre os significados profundos da vida no contexto
sereno da própria família, e dos próprios queridos.
O Papa falava na clareira pouco distante da pequena vivenda que o hospeda nestes dias
na colónia salesiana de Les Combes, dirigindo-se a cerca de seis mil fiéis das cinco
paróquias vizinhas.
O tempo de férias - são ainda palavras de Bento XVI- oferece oportunidades únicas
de paragem diante dos espectáculos sugestivos da natureza, maravilhoso livro ao alcance
de todos, grandes e pequenos. Em contacto com a natureza a pessoa reencontra a sua
justa dimensão, descobre-se criatura, mas ao mesmo tempo, única, capaz de Deus porque
interiormente aberta ao infinito. Impelida pelo pedido de sentido que urge no coração,
ela percebe no mundo que a circunda a chancela da bondade e da providencia divina
e quase naturalmente abre-se ao louvor e á oração.
Este primeiro encontro público de Bento XVI com a população do Valle d’Aosta que mostrou
ao Papa uma grande simpatia com o seu caloroso acolhimento, ofereceu uma ocasião para
um agradecimento sentido á Igreja local, representada pelo bispo D. José Anfossi e
a todos aqueles- disse o Papa – que tornaram possível estas ferias, e a todos aqueles
que com discrição e generosa abnegação vigiam para que tudo decorra em serenidade.
A concluir o Papa dirigiu uma oração a Maria para que ensine ao homem de hoje o segredo
do silencio que se torna louvor, do recolhimento que dispõe á meditação, do amor pela
natureza que floresce em agradecimento a Deus. “As condições para facilmente acolher
no coração a luz da verdade e praticá-la na liberdade e no amor.”