Santa Sé denuncia violações aos direitos da gente do mar
A Santa Sé denunciou as constantes violações dos direitos da gente do mar, numa mensagem
assinada pelo Cardeal Stephen Fumio Hamao.
O presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes (CPPMI),
no qual está integrado o chamado Apostolado do Mar lembra que mais de 90% das trocas
comerciais do mundo passa pelas mãos dessas pessoas, no texto que assina por ocasião
do Domingo do Mar. Na maior parte dos países, este dia é assinalado no segundo domingo
de Julho.
“O nosso coração e pensamentos dirigem-se para todos os marinheiros, pescadores, tripulações
e trabalhadores portuários”, assegura o Cardeal japonês. O presidente do CPPMI lembra
na sua mensagem “a dívida que a nossa sociedade tem para com estes trabalhadores”,
frisando que “dependemos deles para assegurar o transporte de quase tudo o que utilizamos
e consumimos”.
O Apostolado do Mar é uma rede internacional de associações e organizações católicas
fundada em 1922, presente actualmente em 116 países, entre os quais Portugal. Os capelães
dos portos e as visitas aos navios garantem aos homens e mulheres, que estão durante
vários meses distantes de casa, momentos de companhia, assistência e apoio espiritual.
Reconhecendo que o trabalho da gente do mar exige uma grande dose de sacrifício e
de profissionalismo, o Cardeal Hamao lamente que “a contribuição dos marinheiros para
a economia mundial não seja reconhecida nem justamente recompensada”.
A mensagem indica que há um conjunto de situações por resolver “que afectam a vida
e a dignidade de pescadores e marinheiros”. A Santa Sé aponta o dedo às “detenções
injustificadas” e à “criminalização dos marinheiros”, de forma especial no caso de
“pescadores inocentes detidos pela guarda costeira da Índia e do Paquistão”.
O presidente do CPPMI pede ainda que o conceito de “comércio justo”, que começa a
ganhar adeptos um pouco por todo o mundo, seja aplicado “ao transporte marítimo, à
pesca e outras categorias similares”.