Líderes do G8 duplicam ajuda á áfrica e anunciam abertura de novo diálogo sobre as
alterações climáticas
Os líderes do G8 cumpriram a sua promessa de não cercear a agenda da reunião de Gleneagles,
na Escócia, devido aos atentados de quinta feira, em Londres e, apesar de a declaração
final ser largamente dominada pela luta contra o terrorismo, chegaram a acordo para
acabar com os subsídios à exportação de produtos agrícolas - uma vitória de Bush e
Blair -, decidiram aumentar a ajuda aos países pobres e até conseguiram uma solução
de compromisso quanto às questões climáticas.
O terrorismo, que pela primeira vez desde os atentados de 11 de Setembro de 2001 nos
EUA quase não constava da agenda, acabou por ocupar boa parte do comunicado final
da reunião, face aos acontecimentos em Londres.
Os mais ricos comprometem-se mais uma vez a reforçar a cooperação para combater o
terrorismo e anunciaram a intenção de promover melhores medidas de segurança nas linhas
de metro e nos caminhos-de-ferro.
"Trabalharemos para melhorar a troca de informações sobre o movimento dos terroristas
através das fronteiras internacionais, para avaliar e enfrentar a ameaça contra as
infra-estruturas de transportes e para promover as melhores normas de segurança nas
linhas de metro e nos caminhos-de-ferro", lê-se no comunicado .
O G8 mostrou-se também mais unido nas questões climáticas, conseguindo chegar a uma
solução de compromisso para contornar a recusa dos EUA em assinar o Protocolo de Quioto.
A declaração do G8 sobre as alterações climáticas não foi tão ambiciosa, prometendo
apenas iniciar "um novo diálogo" e reconhecendo que o aquecimento global é "um problema
grave" causado pelas actividades humanas. Aposta- -se ainda em "esforços concertados"
com as potências regionais e na promoção das tecnologias limpas para garantir o "desenvolvimento
sustentado". Blair anunciou também a realização de uma reunião em Novembro para discutir
esse assunto. Os ecologistas consideraram este acordo como "um fracasso", por não
conter números concretos.
Além da ajuda a África e do clima - temas centrais do encontro -, os Oito anunciaram
uma ajuda de três mil milhões de euros à Autoridade Palestiniana "nos próximos anos"
e mostraram-se preocupados com a subida do preço do petróleo.
O G8 chegou também a acordo sobre o fim dos subsídios às exportações agrícolas em
2010, o que pode ser encarado como uma derrota para os franceses e para a velha guerra,
no seio da União Europeia, entre Paris e Londres. Recorde-se que George W. Bush propôs
inesperadamente esta solução como forma de tornar mais competitivos os países pobres.
A UE reagiu timidamente, apontando para 2015 a entrada em vigor dessa medida, mas
o G8 decidiu-se por 2010, prevalecendo a posição de Bush, que deste modo ajuda Tony
Blair.