Kofi Annan aos "senhores do Mundo" que participam na cimeira do G8: "agora ou mais
nunca, erradicar a pobreza
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, defendeu em Londres que o momento de ajudar
os países pobres, e nomeadamente África, é “agora ou nunca”, exortando os países ricos
a “mais do que duplicarem” a ajuda global ao desenvolvimento. Um dia antes da sua
intervenção na cimeira do G8, que reúne os sete países mais industrializados do mundo
(Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido) e a Rússia
em Gleneagles, na Escócia, Annan sustentou que a comunidade internacional deve “mais
do que duplicar a sua ajuda global ao desenvolvimento nos próximos anos”.
“A ocasião para produzir uma mudança histórica, fundacional, surge uma vez por geração,
mas tudo dependerá da vontade dos governos”, declarou Kofi Annan.
“Não deixemos a história julgar-nos como aqueles que tinham os recursos financeiros
mas não os recursos morais, deixemos a história julgar-nos como aqueles que acreditavam
no amor ao próximo e que erradicaram a pobreza”, insistiu o secretário-geral das Nações
Unidas.
Na véspera da sua chegada à cimeira do G8, que começou ontem à noite na localidade
escocesa de Gleneagles com um banquete para os oito chefes de Estado e de governo
convidados, Annan elogiou também as “iniciativas corajosas” tomadas pelo primeiro-ministro
britânico, Tony Blair, e pelo seu ministro das Finanças, Gordon Brown, para obter
um aumento da ajuda ao continente africano.
Anfitrião da cimeira do G8, Blair inscreveu a questão da luta contra a pobreza e nomeadamente
a ajuda a África no primeiro plano das discussões.
Traçando um balanço pessimista da Declaração do Milénio de 2000, na qual a comunidade
internacional se comprometeu a erradicar a pobreza extrema e a fome até 2015, Annan
frisou que o continente africano está “ainda longe do objectivo, com uma insegurança
alimentar permanente, uma mortalidade infantil e materna desesperadamente elevada
e um número crescente de pessoas que vivem em casebres”.
“Perto de 700 milhões de pessoas na Ásia vivem ainda com menos de um dólar por dia”,
notou Kofi Annan e, em todo o mundo, “cerca de mil milhões de pessoas, ou seja, uma
em cada cinco pessoas nos países em desenvolvimento, vivem ainda abaixo do limiar
da pobreza extrema”.