A Santa Sé pede compromisso pela erradicação da pobreza em áfrica
Os olhos do mundo estão virados para a cimeira do G8 Cimeira do G8 (sete países mais
industrializados do mundo e Rússia) que hoje se inicia na cidade escocesa de Gleneagles,
entre esperanças e promessas de um mundo melhor e as inevitáveis polémicas sobre a
forma de o conseguir.
Os “grandes da Terra” são desafiados a assumir compromissos em favor da erradicação
da pobreza, em especial no continente africano, anulando a dívida externa dos países
mais pobres e aumentando as ajudas ao desenvolvimento.
Depois do “Live 8” e do apelo de Bento XVI em plena Praça de São Pedro para que se
tomem “medidas concretas” contra a pobreza, espera-se que o G8 seja sensível à necessidade
de promover “o autêntico desenvolvimento” de África, “um continente frequentemente
abandonado" como lamentava o Papa.
Também o presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, Cardeal Renato Martino,
elogiou iniciativas como os concertos “Live 8”, mas assegurou que é necessário fazer
muito mais por aliviar a pobreza da África. “Há ainda um conhecimento inadequado no
mundo sobre a tragédia da África. O G8, as Nações Unidas, a União Europeia e todos
devem fazer mais”, disse.
O Cardeal Martino pediu à opinião pública que mantenha uma certa pressão sobre os
líderes mundiais durante a cimeira do G8, explicando que “a pressão da opinião pública
é essencial, a fim de que os países e as organizações internacionais façam mais”.
O representante da Santa Sé na ONU, o Arcebispo Celestino Migliore, congratulou-se
em Nova Iorque pelo acordo alcançado em Junho passado pelos ministros da Economia
dos países do G8, no qual se prevê o perdão da dívida externa de 18 países dentre
os mais pobres do mundo.
“Os líderes do G8, que se encontrarão em Gleneagles, devem prestar atenção aos pedidos
dos cidadãos e da sociedade civil, e colocar de lado os respectivos interesses, dando
prioridade ao cumprimento dos acordos assumidos”, disse o observador permanente da
Santa Sé nas Nações Unidas.
D. Celestino Migliore precisou que estamos a falar de “somas muito modestas, se comparadas
com as despesas militares e com os subsídios que diversos países industrializados
pagam a alguns sectores das suas respectivas economias”.
Na sua edição de 6 de Julho, o jornal do Vaticano sublinha que “a maioria dos países
da África subsaariana sobrevive (ou pelo menos tenta sobreviver) com uma média de
dois dólares por dia”. "L’Osservatore Romano" lamenta que a intenção de eliminar a
fome em 2015, incluído nos Objectivos do Milénio, esteja hoje “reduzida a uma miragem”.
A necessidade de socorrer as populações africanas é apresenta pelo Osservatore Romano
como “uma corrida contra o tempo”.