Operação militar em curso em Cabinda: a violência pode pôr em causa a tomada de posse
do novo bispo, prevista para dia 17 de Julho
A cerca de duas semanas da tomada de posse do novo bispo de Cabinda o Vigário Geral
daquela diocese denuncia a onde de violência que pode pôr em causa a cerimonia. Segundo
o Padre Raul Tati as forças armadas angolanas têm uma nova operação em curso no enclave
de Cabinda.
É mais uma tentativa do governo de Luanda para acabar com os movimentos independentistas
naquele enclave. Uma preocupação expressa pelo Vigário Geral da diocese que não esquece
as responsabilidades históricas de Portugal em todo este processo.
Raul Tati explicitou que as autoridades angolanas estão a realizar "uma operação (militar)
a partir da República Democrática do Congo para asfixiar as forças da Frente de Libertação
do Enclave de Cabinda (FLEC)".
"O objectivo da operação é levar a FLEC à rendição ou à morte dos seus efectivos através
da fome", afirmou o padre Tati, sublinhando que "esta solução não irá ser implementada,
está a ser implementada".
No que se refere à situação do enclave, o vigário-geral da diocese defende que Cabinda
"tem todo o direito a ter o seu estatuto de autodeterminação. Quando Angola ainda
não era independente, já Cabinda tinha movimentos políticos que reivindicavam a independência
face a Portugal". A propósito, Tati fez questão de recordar que o problema "vem de
longe".
"Seja qual for o estatuto jurídico ou administrativo que se queira dar a Cabinda,
é preciso dialogar com os cabindas, conversar com os cabindas", sublinhou o padre
Tati.
As autoridades militares angolanas mantiveram o silêncio face às denúncias avançadas
pelo vigário-geral da Diocese de Cabinda. Por outro lado, a situação no enclave foi,
ainda recentemente, classificada como calma por altos responsáveis militares angolanos.
Os mesmos responsáveis rejeitavam mesmo a existência de qualquer operação militar
que tivesse como objectivo aniquilar a resistência dos independentistas da FLEC.